Escola que cobra R$ 12 mil por mês e não dá aula on-line na quarentena apagou favela em vídeo promocional

Atualizado em 12 de julho de 2020 às 13:17

Matéria de Paulo Sampaio no Uol conta que pais de alunos da escola americana Avenues São Paulo, que cobra cerca de R$ 12 mil de mensalidade, se queixam de que eles não tiveram nem um dia de aula on-line durante a quarentena.

Instalada em uma construção de 40 mil metros quadrados, a Avenues SP é um braço da matriz novaiorquina e vende “educação global transformadora, voltada para o futuro e focada no protagonismo do aluno”.

Na ocasião em que foi inaugurada, em 2018, ficou conhecida como “a escola mais cara de São Paulo”. “Tem pai que enxerga na Avenues a possibilidade de incrementar o networking (contatos profissionais lucrativos)”, diz um sujeito que tirou de lá o filho de 13 anos.

O DCM falou desse estabelecimento de ensino em 2018.

Em material de propaganda divulgado na Internet, a Avenues “apagou” uma favela vizinha a seu prédio:

Em material de propaganda divulgado na Internet, a Avenues, escola para os superricos que será inaugurada em agosto em São Paulo, “apagou” uma favela vizinha a seu prédio.

Comparando-se as imagens do vídeo promocional com as fotos tiradas este ano pelo Google (abaixo), vê-se que a favela Jardim Panorama foi “substituída” por um jardim arborizado. O “terrão” de futebol vira um belo campo, gramado e demarcado.

O Jardim Panorama é uma comunidade de cerca de 400 famílias. Fica à beira da avenida Marginal do rio Pinheiros. É cercada por condomínios de luxo e fica bem ao lado do Shopping Cidade Jardim, um dos mais elitistas de São Paulo. Muitos funcionários e até alguns clientes do shopping almoçam na favela, para fugir dos preços altos dos restaurantes do Cidade Jardim.

Criada em 2012 pelo empresário Benno Schmidt Jr. (ex-diretor da faculdade de Direito de Columbia), a Avenues anuncia-se como uma rede global de escolas, mas até agora só tem a matriz, em Nova York. São Paulo será a primeira filial.

A escola anuncia que um dia terá sedes (que chama de “campi”) em metrópoles de todo o planeta, da Cidade do México a Sydney.

Segundo reportagens publicadas na imprensa brasileira, a Avenues vai cobrar uma das mensalidades mais caras entre as escolas particulares brasileiras – R$ 8.350, de acordo com a edição brasileira do diário “El País“. As turmas vão do jardim de infância ao ensino médio.

O site da escola apregoa que a missão da Avenues é “aprimorar a educação, sendo uma referência de escola eficaz, responsável, que contempla a diversidade”, formando alunos “humildes quanto a seus talentos e generosos de espírito; honestos; conscientes de que seus comportamentos influenciam nosso ecossistema; grandes líderes e responsáveis seguidores; protagonistas de suas escolhas acadêmicas e, acima de tudo, arquitetos de uma vida que transcenda o comum”.

A propaganda da Avenues apagou a favela, que aparece no Google (abaixo)