Escritores que amo: Henry Miller (Sétimo de uma série)

Atualizado em 8 de outubro de 2011 às 12:23
Miller em Paris

De Paris

Sempre que estou em Paris, lembro Henry Miller.

Foi aqui que ele construiu a maior parte sua obra portentosa, em que o sexo se mistura com o lirismo e daí nascem paragráfos soberbos.

Penso numa passagem específica:  uma declaração de amor a Germaine, uma prostituta barata, em Trópico de Câncer. Talvez não exatamente a ela, mas à “coisa rosa” que ela levava entre as pernas, “um tesouro”, “um presente de Deus”.

Ele admirava aquele “matagal”, e os lábios que os separavam tanto quando estavam unidos como quando estavam separados.

Não me lembro de um outro escritor que tenha transmitido em sua prosa tanta adoração pelas mulheres quanto Henry Miller. A mais comovente forma de amor: incondicional. A mulher não tinha que ser linda, chique, rica para Miller encontrar magia, encanto, beleza nela.

É o caso de Germaine.

E no entanto. As mulheres não lêem Henry Miller, de uma forma geral. E as que rompem a regra o desprezam como machista. Ou mesmo careca. Piada. (Miller foi vencido cedo pela calvície, conforme se pode ver no ótimo filme Henry & June.)

Eu protesto, aqui diante de cada um de vocês eu protesto, como se fosse um advogado póstumo do grande, incomparável, insubstituível celebrador de mulheres que foi Henry Miller.