O caso de racismo sofrido pelo jogador brasileiro Vinícius Jr na partida entre Real Madrid e Valencia pode atrapalhar os planos da extrema-direita nas eleições espanholas que acontecerão neste domingo (28). Os ataques ao atleta tumultuaram ainda mais o ambiente político, às vésperas das eleições regionais.
Os espanhóis vão eleger os parlamentares de 12 das 17 regiões, além de duas cidades autônomas (Ceuta e Melilla, na costa norte do Marrocos) e representantes nos 8.131 municípios do país, em um pleito que é considerado uma prévia da disputa nacional, prevista para o fim do ano.
No episódio com o jogador brasileiro, logo veio à público a proximidade do presidente da La Liga, Javier Tebas, com o Vox, partido de extrema-direita. O assunto chegou à campanha: “Os nazistas que insultaram Vinícius vão votar como Tebas no domingo. Vão votar no lixo xenófobo que é o sócio preferencial do PP (partido da direita tradicional)”, disse Pablo Echenique, do Unidas Podemos, um partido de esquerda, ao jornal El Espanhol.
“É evidente que o Vox é um partido que promove ideias de caráter xenófobo e racista e isso necessariamente tem influência no eleitorado”, avalia Pablo Simón, professor de Ciência Política da Universidade Carlos III, de Madri.
O Vox já é a terceira força política no Parlamento espanhol e a expectativa era de que o partido fosse bem votado nas eleições deste final de semana. Durante a campanha, no entanto, o programa de governo da sigla virou piada, porque o mesmo texto foi replicado nas diversas regiões, apenas com troca de localidade. Isso resultou em propostas absurdas, como “proteger as praias” de Madri, que não tem litoral, e “ampliar o metrô” de Almeria, onde não existe esse meio de transporte.