Espionagem: CIA monitorou Lula e Dilma em conversas com presidente equatoriano

Atualizado em 18 de julho de 2023 às 18:57
Ex-presidente do Equador, Rafael Correa. Foto: José Méndez

A empresa de segurança espanhola UC Global, SC. supostamente espionou conversas mantidas pelo ex-presidente do Equador, Rafael Correa, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), além de outros líderes latino-americanos. As informações, divulgadas nesta terça-feira (18), são do jornal El País.

A empresa teria realizado a intercepção das conversas para a CIA (Agência Central de Inteligência, em português), dos Estados Unidos. As informações vieram à tona após uma análise do computador do dono da empresa, David Morales.

O MacBook de Morales, confiscado pela polícia após sua prisão em 2019, foi avaliado por peritos nomeados pela defesa de Julian Assange. O dono da UC Global, SC. é suspeito de ter ordenado a espionagem do fundador da WikiLeaks e encaminhado as informações para a inteligência dos EUA.

De acordo com as investigações da Corte Nacional do Equador, no computador de Morales foi encontrado um disco rígido com o nome CIA e uma pasta, intitulada “América do Norte/EUA/CIA/Romeu/Brasil/Argentina/Março de 2018/Venegas Chamorro/Travel”, com detalhes das reuniões de Correa com os ex-presidentes da América Latina.

As gravações contra Correa foram realizadas entre 18 e 24 de março de 2018. Além das conversas com Lula e Dilma, também foram gravados os encontros com a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e com o ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

Rafael Correa e Luiz Inácio Lula da Silva. Foto: Reprodução

Morales havia sido contratado pelo governo de Correa para fazer a segurança da Embaixada do Equador em Londres, onde estava Assange. O dono da empresa de segurança ordenou que seus funcionários espionassem as reuniões do hacker australiano com seus advogados, mas também passou a monitorar o presidente, em especial após deixar o poder, para transmitir informações a seu sucessor e adversário político, Lenín Moreno.

A empresa também teria gravado encontros de Correa em sua residência em Bruxelas, na Bélgica, para onde o equatoriano mudou após o fim de seu mandato, em 2017. Os filhos de Rafael também teriam sido espionados por meio de vírus-espiões em seus aparelhos eletrônicos.

O nome “CIA” foi encontrado repetidas vezes em um HD externo, junto com relatórios sobre os compromissos de Correa e seus encontros. Imagens íntimas de um diplomata também foram achadas em um cofre na sede da empresa de espionagem — fotografias que Morales teria usado para tentar chantagear autoridades equatorianas.

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