Espionagem ilegal: Abin paralela imprimiu informações sobre delegado do caso Marielle

Atualizado em 3 de fevereiro de 2024 às 9:54
Fachada do prédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação para determinar se a “Abin paralela”, que operava durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), monitorou o andamento das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Há indícios de que membros dessa estrutura imprimiram documentos relacionados ao caso entre os anos de 2019 e 2021, conforme informações do jornal O Globo.

De acordo com registros analisados pela PF e recuperados pela Controladoria-Geral da União (CGU), o policial federal Marcelo Bormevet, nomeado na Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL-RJ), imprimiu um relatório sobre o delegado Daniel Rosa, que na época estava à frente das investigações do assassinato de Marielle, em setembro de 2020.

O delegado foi afastado do caso no mesmo mês, por determinação do então secretário da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski.

Em junho de 2021, outro policial federal cedido à Abin, Felipe Arlotta, imprimiu um documento relacionado à federalização do caso Marielle.

Esse episódio está ligado ao pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em setembro de 2019, para que as investigações fossem conduzidas pela PF e Ministério Público Federal (MPF), pedido que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em maio de 2020.

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Bolsonaro e Ramagem. Foto: reprodução

Durante a investigação da Abin paralela, a PF descobriu indícios de que Felipe Arlotta também monitorou um jantar do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em 2019, “sob as ordens de Alexandre Ramagem”.

Além disso, há registros de que o próprio Ramagem teria impresso anotações sobre a investigação do caso Marielle em dezembro de 2019.

Essa investigação da PF e CGU revela a possível utilização dessa estrutura informal para ações de espionagem, incluindo a tentativa de influenciar uma investigação que envolvia Renan Bolsonaro, filho “04” do ex-capitão, posteriormente arquivada.

Vale destacar que isso ocorreu dois meses depois da impressão na Abin de um resumo do currículo de Simone Sibilio, que coordenava o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e atuou na força-tarefa do inquérito sobre o assassinato da parlamentar.

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