Espionagem ilegal: oficial da Abin preso teria chantageado colegas para não perder cargo

Atualizado em 21 de outubro de 2023 às 8:35
Eduardo Arthur Izycki. Foto: reprodução

Na última sexta-feira (20), Eduardo Arthur Izycki, um oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi preso como parte de uma operação da Polícia Federal (PF) que tem como foco investigar um suposto esquema de espionagem ilegal na agência durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro.

Essa investigação trouxe à tona a suspeita de que Izycki chantageou seus colegas da Abin para manter seu cargo durante um processo administrativo interno. As informações foram divulgadas pelo Metrópoles.

A história de Eduardo Arthur na Abin inclui uma longa investigação, que já perdura por anos. Tudo começou quando a empresa registrada no nome de seu pai, a Icciber Segurança Cibernética, tentou obter um contrato com o Exército Brasileiro em 2018, visando fornecer serviços na área de soluções de exploração cibernética e web intelligence.

No entanto, essa situação gerou sérias preocupações, uma vez que Eduardo Arthur faz parte da área de contra inteligência cibernética da Abin. O contrato com o Exército seria considerado um conflito de interesses, além de violar as regras de exclusividade que seu cargo na Abin requer.

Durante o processo de seleção, representantes de empresas concorrentes perceberam a irregularidade e denunciaram a situação à Abin. A suspeita central era que Eduardo Arthur Izycki fosse o verdadeiro proprietário da Icciber.

O que faz a Abin, agência de inteligência com atuação avaliada pelo Supremo | CNN Brasil
Fachada da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, em Brasília. Foto: Reprodução/Abin

Na mesma operação da PF que resultou na prisão de Eduardo Arthur, outro servidor, Rodrigo Colli, também foi detido. Colli enfrenta seu próprio processo administrativo na Abin e é acusado de chantagear colegas. Com as investigações internas da Abin avançando e a demissão de ambos os servidores se tornando uma possibilidade real, surgiu uma reviravolta na história.

Segundo a investigação da PF, Eduardo Arthur e Rodrigo Colli teriam recorrido à chantagem como meio de pressionar outros servidores, ameaçando revelar informações sensíveis sobre uma grave irregularidade que envolve funcionários da inteligência brasileira: a alegada espionagem ilegal dos celulares de autoridades.

Além das prisões de Eduardo e Rodrigo, a PF cumpriu 25 mandados de busca e apreensão. Também foram afastados cinco diretores da agência de inteligência, entre eles o número três na hierarquia, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Maurício Fortunato Pinto.

O entendimento é que os bolsonaristas usaram o software israelense “FirstMile” para realizar mais de 30 mil espionagens ilegais. O programa era capaz de monitorar a localização de qualquer aparelho celular apenas pela linha telefônica.

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