
Investigadores da Polícia Federal afirmam que a apuração do caso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) se encaixa como mais uma peça fundamental dentro da investigação dos atos antidemocráticos. Segundo o G1, o entendimento entre os membros da PF é que a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados “ultrapassou a mera cogitação e atos preparatórios” e efetivamente “tentou” dar um golpe.
Como parte dessa tentativa de efetivação golpista, os investigadores citaram uma série de eventos, incluindo bloqueios em rodovias, acampamentos nos quartéis, financiamento de manifestações, a explosão no aeroporto na véspera do Natal, tentativa de invasão da sede da PF em 12 de dezembro de 2022 e o monitoramento de autoridades — o caso Abin, que foi revelado nesta sexta-feira (20).
Embora inicialmente investigados de forma separada, esses elementos estão interligados e devem ser apresentados de forma consolidada ao final das investigações, previsto para o primeiro semestre do próximo ano. Nesse momento, a PF deverá identificar os supostos mentores por trás da tentativa de ruptura democrática.
Pessoas a par das investigações destacam que um fato que demonstra a conexão entre todos esses elementos é o entendimento validado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de que as diversas investigações devem ser conduzidas por um único relator, o ministro Alexandre de Moraes.
No total, são cumpridos 25 mandados de busca e apreensão, além de dois mandados de prisão preventiva e medidas cautelares de prisão em diversos estados, incluindo São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Fora as buscas, Moraes também determinou o afastamento do cargo de diretores atuais da Abin, que haviam sido mantidos nos postos mesmo após o fim do governo Bolsonaro.
O problema é que os investigadores só conseguiram localizar os detalhes de 1800 dos mais de 33 mil monitoramentos realizados pelos agentes, por meio de uma espécie de “controle de operações” interno da Abin.
Diversos indivíduos, incluindo jornalistas, advogados, políticos e opositores do governo Bolsonaro, foram vítimas de monitoramento ilegal. Ministros do STF também foram alvos da espionagem da Abin.
Segundo informações passadas à TV Globo por investigadores ligados ao caso, o esquema incluiu um uso “sistemático” da ferramenta durante o período das eleições municipais em 2020, além de um “cerco ao STF”.