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Quem ganhará os espólios da derrocada de Ciro? Por Carlos Fernandes

Ciro Gomes e o espólio – Foto: Reprodução

Pesa sobre Ciro Gomes uma cada vez mais pesada pressão para que abandone de vez sua candidatura à presidência já desacreditada por todos.

E só se tem uma ideia do tamanho dessa pressão quando se constata que a maior parte dela vem dos próprios parlamentares do PDT.

Sabe-se que uma candidatura à presidência da República não encerra em si mesma, traz consigo uma enorme vitrine para os postulantes do partido a cadeiras na Câmara e no Senado.

Daí que venha dos deputados e senadores do próprio PDT a pressão para que Ciro desista de sua candidatura já deixa sinais que o sentimento que povoa o núcleo do partido é que Ciro hoje mais atrapalha do que ajuda no desempenho eleitoral da legenda.

Dado o exposto, se Ciro não apresentar melhor desempenho até o fim de fevereiro (e nada leva a crer que seu desempenho melhore) suas chances de sair da disputa antes mesmo que ela comece são altíssimas.

E levando-se em consideração que isso venha a ocorrer, a pergunta natural é: para onde irão os votos que Ciro ainda traz consigo.

A resposta não é tão fácil quanto se possa imaginar.

Tendo em vista que a entrada do ex-juiz Sérgio Moro na disputa abocanhou de cara uma parcela dos votos de Ciro, a ponto de rebaixá-lo à quarta posição, já dá uma ideia do tipo de eleitor que o pseuso-coronel cearense abarca.

Só a título de exemplo, Fábio Porchat, a única pessoa que conheço que não votou em Ciro nas eleições passadas e agora declara voto no Gomes, evidencia o tipo de “organicidade” do voto que povoa os míseros 5% que ainda sustenta nas pesquisas eleitorais.

E a julgar pela truculência com que Ciro trata os partidos de esquerda, mais notadamente o PT e o próprio Lula, tenho lá minhas dúvidas sobre para quem seus seguidores mais fiéis migrariam uma vez decretada a falência de sua miserável candidatura.

Como se ver, de uma forma ou de outra, permanecendo ou desistindo de sua candidatura, Ciro Gomes é mais uma vez um fator de desagregação na luta pela superação nâo só de Bolsonaro, mas também do bolsonarismo.

A boa notícia é que mantendo-se o cenário ora pintado pelas pesquisas, já em outubro de 2022 podemos ter enterrado na mesma sepultura, o messias fajuto, o juiz ladrão e o coronel fracassado.

Oremos.

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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Carlos Fernandes

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