Esposa de chefe do “gabinete do ódio”, assessor de Bolsonaro, tem cargo comissionado no Planalto. Por Charles Nisz

Atualizado em 10 de julho de 2020 às 19:54
O casal Bianca e Tercio (Imagem: reprodução redes sociais)

Tércio Arnaud Tomaz, chefe do chamado “gabinete do ódio” – estrutura de comunicação digital responsável por disseminar fake news e destruir reputações de opositores e ex-aliados do bolsonarismo – tem cargo comissionado no Palácio do Planalto.

Em março de 2019, foi a vez da mulher dele, Bianca Diniz Arnaud, ganhar uma boquinha no governo.

Bianca passou a integrar a Coordenação de Saúde do Planalto, uma espécie de complexo médico da Presidência, com nível DAS 101.2, de remuneração R$ 3,4 mil.

Já em 17 de junho do ano passado, Bianca mudou de cargo e foi nomeada assistente na Divisão de Serviços Integrados em Saúde da Coordenação de Saúde do Planalto, com DAS 102.2, e salário de R$ 3,7 mil.

Nomeação de Bianca

O casal já participou de uma viagem pela Presidência, integrando a comitiva de preparação do Réveillon de Bolsonaro em Salvador.

Bianca foi em 23 de dezembro. Tércio, quatro dias depois. Ambos retornaram à Brasília em 31 de dezembro.

As viagens dos dois, somadas, custaram R$ 4,5 mil aos cofres públicos, de acordo com o Portal da Transparência.

Apontado como um dos responsáveis pelas páginas derrubadas pelo Facebook por fake news, Tomaz tem ligações próximas com Jair Bolsonaro.

Antes recepcionista em um hotel no Rio de Janeiro, o paraibano virou um dos principais assessores de Jair na campanha presidencial.

Era responsável por “cuidar” da imagem do candidato, fazer vídeos, transmitir as lives e também elaborar e disparar “cards” e “memes” que viralizavam entre apoiadores.

Antes do pleito de 2018, administrava a página Bolsonaro Opressor 2.0 no Facebook.

Em dezembro de 2017, passou a ocupar um cargo comissionado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro.

Na época, uma reportagem do GLOBO revelou que Tomaz recebia salário da Câmara sem trabalhar de fato no legislativo da cidade.

O “sucesso” da campanha foi levado para dentro do Palácio do Planalto.

Tercio e mais dois assessores — José Salles Gomes e Mateus Diniz — foram instalados no terceiro andar do Palácio, numa sala ao lado de Bolsonaro.

Com visão radical, o trio disseminava mensagens agressivas contra integrantes de outros Poderes.

Carne e unha com Jair (Imagem: reprodução redes sociais)

Foi daí que surgiu a alcunha “gabinete do ódio”.

Quatro dias depois de Bolsonaro tomar posse, Tomaz foi nomeado para o gabinete pessoal da Presidência em um cargo comissionado DAS 102.5, com remuneração de R$ 13.623,39 e ganhou autorização para ocupar um imóvel funcional em Brasília.

O assessor já acompanhou o presidente em 15 viagens pelo Brasil.