Esquema de Aécio no setor elétrico de MG está vivo e em plena atividade. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 16 de junho de 2017 às 10:02
Polícia Civil do RJ cumpre mandados na sede de Furnas

O procurador-geral da República Rodrigo Janot disse em despacho tornado público na quarta, dia 14, que “setores do Ministério de Minas e Energia” e a Eletrobras “se mostraram, até aqui, os que tiveram maior atuação da organização criminosa”.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro e São Paulo fez uma grande operação em busca de provas de corrupção em Furnas, mas ainda não se tem notícia de que essa força tarefa chegou a Minas Gerais, onde está vivo e em plena atividade um dos tentáculos desse esquema.

Dimas Toledo, que fez fortuna dirigindo a estatal, é sócio da Tabocas Participações e Empreendimentos S.A., conforme se pode verificar no site da Receita Federal.

A Tabocas foi criada em 1999, no mesmo ano em que Djalma de Morais assumiu a presidência da Cemig, cargo que manteve durante todo o governo de Aécio Neves e de Antônio Anastasia.

Quando saiu da Cemig, Djalma de Morais assumiu da Tabocas, uma das empresas contratadas pela própria Cemig para obras de infraestrutura no setor elétrico do Estado.

Morais já era sócio da empresa quando, na condição da presidente da Cemig, contratava a Tabocas para prestar serviços ao Estado.

No Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, estão publicadas atas em que a presidente do Conselho de Administração da Cemig, Dorothea Werneck, indagava aos conselheiros se havia ali situação de conflito de interesse.

Djalma de Morais, sócio da Tabocas, sempre permaneceu em silêncio, embora tivesse interesse nos dois lados do balcão.

Djalma de Morais era ligado a Itamar Franco. Tanto que foi seu ministro das Comunicações e chegou à Cemig no governo de Itamar. Mas se tornou homem de confiança de Aécio Neves.

No governo dele, Djalma chegou a desviar a linha de transmissão que passava sobre a fazenda da família Neves, em Cláudio, apenas para que não passasse sobre a propriedade, onde Aécio criava (cria) cavalos de raça.

Essa obra, desnecessária do ponto de vista técnico e que beneficiou exclusivamente o então governador, deixou a cidade de Cláudio sem luz durante um dia inteiro.

Dimas Toledo é ligado tanto a Djalma Morais, de quem é sócio na Tabocas, quanto a Aécio Neves, a quem, segundo o doleiro Alberto Yousseff, pagava propina para se manter na diretoria de Furnas.

Dimas também atuou dos dois lados do balcão. Como diretor de Furnas, contratava a Tabocas, empresa da qual aparece hoje como sócio.

Haras na fazenda de Aécio, onde a rede da CEMIG foi desviada

Quando deixou Furnas, no primeiro governo de Lula, assumiu o conselho de administração da Tobocas.

A Tabocas tem hoje contratos em todo o Brasil e um de seus principais clientes é o governo federal, para quem faz obras gigantescas, como a Usina Belo Monte.

Seja com contratos em Furnas, Eletrobras ou na Cemig, o elo político da Tabocas é Aécio Neves.

Além de Dimas Toledo e de Djalma de Morais, a Tabocas tem oficialmente como sócios: Caio Marcio Barbosa Barra, Flavio Barbosa da Silva Resende, Newton Jose Leme Duarte e Guilherme Pereira da Silva Barra.

Para enfrentar a corrupção no setor elétrico brasileiro, a polícia deve investigar a Tabocas. Isso pode provocar um curto-circuito político e resultar num novo choque no presidente nacional do PSDB (licenciado) Aécio Neves.

É em Minas Gerais e não apenas no esquema de Eduardo Cunha que está a chave geral do sistema de corrupção que correu o setor elétrico brasileiro.

Na Tabocas, os homens do esquema político de Aécio