2.850 vacas passam dois meses presas em navio e devem morrer em viagem

O navio Spiridon II partiu do Uruguai em 19 de setembro levando 2.850 vacas rumo à Turquia, mas foi impedido de atracar por divergências nos documentos de origem de pelo menos 500 animais. Desde então, os animais permanecem confinados em condições insalubres, com mau cheiro sentido a quilômetros e acúmulo de dejetos, enquanto o cargueiro segue agora de volta em uma viagem de mais de 18 mil quilômetros.
Segundo a coluna Histórias do Mar do UOL, estima-se que dezenas de animais já morreram no trajeto e ativistas acreditam que muitos bezerros foram perdidos por abortos espontâneos causados pelas condições a bordo. A longa espera agravou o cenário: após 24 dias retido na costa turca, o navio recebeu apenas permissão para embarcar suprimentos, permanecendo no mar por mais duas semanas.
Com níveis de amônia classificados como perigosos e novas mortes durante o retorno, cresce o temor de que o Uruguai também se recuse a receber a embarcação por risco sanitário. Isso abriria espaço para um cenário ainda mais crítico, já que entidades temem que o proprietário da carga opte por descartar os animais no mar para evitar responsabilização.
A empresa uruguaia responsável pelas novilhas já tentou vendê-las em outros portos, sem sucesso. Países que poderiam receber o carregamento recusaram a entrada após a negativa turca, e a possibilidade de um novo destino é considerada remota. O governo uruguaio afirmou que orientou a companhia a buscar compradores durante o percurso de volta, mas admite que dificilmente haverá interesse, o que deixa o retorno a Montevidéu como única opção para o Spiridon II, previsto para chegar em 14 de dezembro, quando os animais terão passado 90 dias confinados.
