2. As multidões nas ruas: como interpretar?
[titulo id=2]
[saibamais leia]
[/saibamais]
“O fundamental é que a vida brasileira possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro”, escreveu num artigo Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.
Boff se referia às manifestações.
“A tragédia brasileira é denunciada pelas massas que gritam nas ruas. Esse Brasil que temos não é para nós; ele não nos inclui no pacto social que sempre garante a parte de leão para as elites”, escreveu Boff.
“Por que tais movimentos massivos irromperam no Brasil agora? Meu sentimento do mundo me diz que, em primeiro lugar, se trata de um efeito de saturação: o povo se saturou com o tipo de política que está sendo praticada no Brasil, inclusive pelas cúpulas do PT .”
“Avulta a consciência das profundas desigualdades sociais que é o grande estigma da sociedade brasileira. Esse fenômeno se torna mais e mais intolerável na medida em que cresce a consciência de cidadania e de democracia real. Uma democracia em sociedades profundamente desiguais como a nossa, é meramente formal, praticada apenas no ato de votar (que no fundo é o poder escolher o seu “ditador” a cada quatro anos, porque o candidato uma vez eleito, dá as costas ao povo e pratica a política palaciana dos partidos). Ela se mostra como uma farsa coletiva. Essa farsa está sendo desmascarada.”
“As massas querem estar presentes nas decisões dos grandes projetos que as afetam e que não são consultadas para nada. Nem falemos dos indígenas cujas terras são sequestradas para o agronegócio ou para a indústria das hidrelétricas.”
“Esse grito não pode deixar de ser escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para a frente.”
[final]