2. ONU pede a Brasil que evite abuso de força em protestos
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Desde 2011, cenas de multidões protestando nas ruas e de dura repressão policial têm sido recorrentes em diferentes cantos do planeta, dos países árabes à Turquia, passando por Espanha e Londres.
No Brasil, imagens recentes difundidas em vídeos no YouTube que mostram abusos da força policial, com agressões a jornalistas e disparos de spray de pimenta em manifestantes, foram alvo de críticas das Nações Unidas.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU, baseado em Genebra, divulgou na semana passada uma nota pedindo ao governo brasileiro que evite o uso desproporcional da força e cobrando uma investigação independente sobre relatos de excessos policiais na repressão aos manifestantes.
A ONG Instituto Sou da Paz condenou também em nota a atuação policial nos protestos.
Um exemplo de excesso é o disparo de balas de borracha a menos de 20 metros de distância dos manifestantes e não mirando nas pernas, o que contraria recomendações.
Em outros temas, como execuções extrajudiciais e tortura, a atuação da polícia no Brasil ainda é bastante criticada pela ONU e por organizações de defesa dos Direitos Humanos.
Para David Couper, ex-chefe de polícia na cidade de Madison, nos Estados Unidos, gerenciar multidões de maneira amistosa é crucial para garantir uma boa imagem para as polícias locais.
“Uma das coisas mais importantes que a polícia faz é lidar com as pessoas em multidões porque, no longo prazo, uma polícia profissional será julgada por sua destreza em fazer isso”, ele escreveu no livro “In Arrested Development”.
Nos anos 70, Couper estabeleceu táticas de abordagem moderadas (“soft”) para a polícia americana lidar com os protestos contra a guerra do Vietnã, que viraram modelo nos Estados Unidos.
Os passos do Método Madison preveem que a polícia: opte por uma abordagem branda e não-violenta, negocie constantemente com os manifestantes, tenha uma unidade tática preparada para agir em emergências, use oficiais treinados para lidar com multidões, recorra a forças de segurança locais (não de fora da cidade) e mantenha comandantes visíveis para atuar na liderança do diálogo.
Clifford Stott, psicólogo britânico especializado em controle de multidões, alerta para o uso indiscriminado de expressões como “vandalismo” para classificar os atos de manifestantes.
Ele diz que quando indivíduos em uma multidão se sentem agredidos ou mal tratados pela polícia, podem responder com violência e depredações.
“Ao se juntarem numa multidão, as pessoas sentem ter mais poder e podem inverter as relações sociais normais. Em um mundo em que os que não tem poder são geralmente invisíveis, os tumultos e badernas são formas de barganha coletiva”, afirma Stott.
Inspirada nesses métodos e após treinamento especializado de oficiais no Reino Unido, a polícia de Vancouver, no Canadá, usou uniformes regulares e não portou armas (letais ou não-letais) em suas ações de controle de multidões durante os Jogos de Inverno de 2010.
Eles deram à sua abordagem o nome de “encontrar-e-cumprimentar”. Nela, policiais misturados às multidões, cumprimentavam as pessoas e esclareciam que estavam ali para protegê-las.
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