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20 anos após invasão dos EUA, brasileiros contam como é viver no Iraque: ‘Me sinto mais segura’

Iraque
Foto: Ahmad Al-Rubaye / AFP

Vinte anos anos após a invasão liderada pelos Estados Unidos no Iraque, brasileiros que vivem no país contam a sua percepção sobre as marcas que o conflito deixou e como é viver no país. As informações são da BBC.

No dia 20 de março de 2003, ocorreu a invasão no Iraque. Com o apoio de tropas britânicas, italianas, espanholas, australianas e polonesas, os EUA conseguiram derrubar o regime de Saddam Hussein (1937-2006) e instituir um governo provisório.

Agora, vinte anos depois, mesmo após a retirada de tropas americanas, o país ainda exibe as cicatrizes do conflito e está longe da estabilidade econômica e democrática que era prometia na época da invasão.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, vivem cerca de 130 brasileiros no país atualmente. De forma geral, são pessoas que se mudaram para trabalhar, como jogadores de futebol e outros atletas. E há também brasileiros que têm algum outro tipo de ligação familiar com o país ou que trabalham com ajuda humanitária ou organizações religiosas.

A paulista Raquel Chaves, 40, é casada com um curdo e mora desde 2018 na cidade de Sulaymaniyah, que fica na região autônoma do Curdistão. Eles se conheceram pelas redes sociais quando ela ainda estava no Brasil e iniciaram um relacionamento. Hoje, os dois têm um filho de 3 anos juntos.

Ela diz não ser afetada pelos resquícios do conflito e que se sente mais segura no Iraque do que no Brasil. “Eu também me sinto segura para sair na rua, pegar táxi e fazer tudo sozinha. Não achei que seria assim”, afirma. “Quando eu falo que moro no Iraque todo mundo pensa que sou louca, mas eu gosto daqui justamente pela segurança. Andamos à noite ou ficamos do lado de fora de casa com tranquilidade, coisa que infelizmente não fazia no Brasil”, diz.

A carioca Tatiane Araújo, 25, também vive no Curdistão e se mudou para em outubro do ano passado para acompanhar o marido que é jogador de futebol do Newroz Sports Club. Segundo ela, inicialmente eles tiveram um pouco de medo de se mudar para um país com histórico de conflitos. Mas desde que chegou, diz que se adaptou muito bem.

“Sempre que posto sobre a cidade no meu Instagram as pessoas ficam surpresas e dizem que estou mudando sua visão sobre o Iraque”, diz Tatiane, que trabalha como influencer digital e usa suas redes sociais para compartilhar a vida no exterior.

Assim como o marido de Tatiane, Jailson Araújo, 32, de João Pessoa, Paraíba, também é jogador de futebol no Iraque. Ele atua no Al-Talaba, um time da capital Bagdá, e afirma que inicialmente sua família estava um pouco receosa com a mudança de país, mas afirma que logo se adaptou.

“Meus amigos e familiares ficaram em choque quando contei que viria para cá, mas aos poucos fui mostrando meu dia a dia e ficaram mais tranquilos”, diz. “Mas ainda recebo mensagens diariamente perguntando se estou bem.”

Jailson mora na capital iraquiana desde setembro do ano passado e afirma que tem tentado conhecer melhor a história e cultura do Iraque. “Gosto de sair para explorar, aprender e compartilhar com as pessoas no Brasil a verdadeira realidade do país para que elas venham visitar”, diz. “Os iraquianos sentem muita falta de receber turistas, eles acham que ficaram esquecidos no mundo.”

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