3. Soldado relembra ‘execução de estudantes’ na ditadura militar
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Levados em novembro de 1968 a um sítio em São João do Meriti (RJ), onde uma estrutura pré-montada para torturas os aguardava, João Antônio Santos Abi-Eçab e Catarina Helena Abi-Eçab, casados havia seis meses, foram executados com tiros na nuca disparados por Freddie Perdigão, conhecido como Dr. Nagib, homem forte do Destacamento de Operações de Informações (DOI-Codi) do Rio.
É o que afirma Valdemar Martins de Oliveira, então soldado do grupo recrutado por Perdigão e testemunha do episódio.
“Como já não conseguiam dizer nada, ele [Perdigão] falou que não eram mais necessários. Abaixou-se, quase ajoelhando, e deu os tiros na nuca”, conta.
“Traumatizado” pela morte dos estudantes, Valdemar, que prestou depoimento à Comissão da Verdade de São Paulo, se afastou da corporação, viveu em exílio e hoje luta para ter sua condição de militar reconhecida.
Dado como desertor, seu testemunho é contestado pelo Exército, que diz que dois meses antes do ocorrido ele abandonara o Exército.
Estudantes de filosofia na Universidade de São Paulo (USP), João Antônio e Catarina foram acusados por militares de participar da execução do capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, ocorrido em outubro.
“Naquela ânsia louca de dar satisfações aos americanos, saíram várias equipes caçando por aí. Muita gente pagou caro”, diz Valdemar.
À época, o regime militar afirmou que o casal morreu em um acidente automobilístico em Vassouras (RJ), em consequência da detonação de explosivos que transportavam no veículo.
O acidente, diz Valdemar, foi forjado.
Em 2001, a versão de Valdemar foi revelada pelo jornalista Caco Barcellos em matéria veiculada pela TV Globo. A exumação dos corpos foi realizada e concluiu que a morte dos estudantes se deu por “traumatismo crânio-encefálico” causado por “ação vulnerante de projétil de arma de fogo”.
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