4. 1,5 milhão de paulistanos trabalham em casa
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São Paulo tem uma cidade inteira, maior que qualquer outro dos 645 municípios paulistas, gerando riqueza sem sair de casa. Segundo o último Censo, 1,5 milhão de paulistanos – ou 27% dos que têm emprego – trabalham no mesmo local onde vivem.
Esse contingente ajuda a criar empregos perto de áreas residenciais, o que reduz engarrafamentos e estimula o comércio local.
Os números mostram que há basicamente três perfis de pessoas que trabalham no mesmo local onde vivem.
O primeiro são as empregadas domésticas que moram na casa do patrão. Outro são os profissionais liberais, que normalmente têm curso superior e trabalham fazendo serviços esporádicos, como advogados, consultores ou artistas.
Além disso, há os proprietários de bares, vendas e restaurantes em bairros de menor renda que moram no mesmo imóvel onde funciona o comércio.
Há um grupo particular de áreas onde um em cada três paulistanos trabalha no mesmo local onde vive. São bairros residenciais de ocupação antiga, como Pinheiros, Ipiranga e Penha.
Para o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Lúcio Gomes Machado, uma das hipóteses para esse fenômeno é que esses locais foram ocupados antes do Plano Diretor de 1972, que proibiu a existência de prédios de uso misto – onde há comércio no térreo e moradias em cima.
“Foi uma decisão urbanisticamente equivocada. Imóveis onde a pessoa pode morar em cima e trabalhar embaixo trazem vida 24 horas à cidade”, diz.
É o caso do artista plástico Fernando Velasquéz, de 43 anos. Ele largou o escritório coletivo que alugava na região da Paulista para focar no seu ateliê que fica na própria casa, na Vila Mariana.
“Você ganha qualidade de vida. Mas, ao mesmo tempo, tem de se cuidar para sair de casa de vez em quando para conversar com pessoas”, diz.
Ele aproveita o tempo extra que agora sobra para ficar com os filhos e diz que é preciso foco para administrar melhor seus horários. “Quem trabalha em casa tem de administrar seu próprio tempo, e minha geração não foi educada para isso. Aprendi na marra, de tanto errar.”
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