4. “Acho que já está na hora de o Lula voltar”, afirma deputado petista
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O plebiscito proposto pela presidente Dilma Rousseff para mudar o sistema político divide até o PT.
Embora a Executiva Nacional petista vá aprovar nesta quinta-feira um cronograma de mobilização, conclamando os militantes a se engajarem na campanha em defesa do plebiscito, a consulta popular não tem apoio unânime nem mesmo na bancada do PT na Câmara.
Em meio à polêmica, o coro do “Volta Lula” é agora ensaiado por uma ala do partido que faz críticas contundentes à articulação política do governo Dilma.
“Eu acho que já está na hora de o Lula voltar”, afirmou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Autor da proposta de terceiro mandato para o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Devanir disse que os protestos nas ruas tiveram outra motivação.
“Quem pediu plebiscito? O que falta no governo Dilma é gestão. As pessoas querem transporte de qualidade, saúde e educação. Dinheiro tem. É só investir.”
Para Devanir, a presidente continuará enfrentando problemas em sua base aliada, e não apenas com o PMDB, enquanto não der autonomia aos ministros para fazer a articulação política do governo.
“A Ideli, coitada, é como um elefante numa loja de cristais”, disse o deputado, numa referência à ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, responsável pela negociação com o Congresso.
Amigo de Lula há mais de 30 anos e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo na época em que ele comandava a entidade, Devanir afirmou que a reforma política é assunto para “outro departamento”.
A proposta enviada por Dilma ao Congresso prevê que a população seja consultada sobre cinco pontos: financiamento de campanha, sistema de votação, término dos suplentes no Senado, voto secreto no Parlamento e fim das coligações partidárias.
“Eu sou contra esse plebiscito, mas voto com o governo. Agora, querer jogar para o povo uma coisa que não conseguimos resolver há mais de dez anos não vai dar certo”, disse Devanir. “Essa reforma é para salvar os partidos, não é de interesse da sociedade.”
Na sua avaliação, a convocação de uma Constituinte exclusiva para votar a reforma política seria mais apropriada.
A sugestão chegou a ser feita por Dilma, mas ela recuou diante das resistências ao assunto, até mesmo por parte do vice-presidente Michel Temer.
Na tentativa de amenizar a crise, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que as discordâncias em relação ao plebiscito são “naturais”.
Em vídeo postado no site do PT, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, conclamou os militantes a apoirem a consulta popular proposta por Dilma e disse que ela é “sensível” à voz das ruas.
“Não há prazo, nenhuma dificuldade técnica, a nosso ver, que impeça a realização desse plebiscito”, disse Falcão.
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