4. Bangladesh e nós
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“Mais dia menos dia, o Brasil terá que escolher o tipo de país que deseja ser. Flexibilizar a CLT, aumentar a terceirização, manter a enorme rotatividade atual no emprego e diminuir os salários pode resolver o problema da balança comercial. Mas, se quiser constituir-se numa sociedade digna, terá que descobrir caminho alternativo para enfrentar as agruras de um capitalismo internacional pra lá de selvagem”, escreveu André Singer, cientista político, em artigo publicado na Folha de S. Paulo.
Até ontem, a contabilidade passava das mil mortes. Marcas famosas estão sob pressão para rever as compras de Bangladesh, um dos principais fornecedores de roupas no planeta.
“O que isso tem a ver com a gente?”, disse Singer. “Tudo. “
Como o Brasil tem uma legislação trabalhista séria e os sindicatos dispõem de ampla liberdade, há certo perigo em burlar a lei, como ficou claro em março, quando a fiscalização resgatou bolivianos submetidos à semiescravidão em São Paulo.
Certas etiquetas encontradas nas ruínas de Savar foram mencionadas no caso paulistano.
“Os escombros de Bangladesh mostram não apenas a precariedade a que estão submetidos os bengalis”, escreveu Singer. “Revelam um verdadeiro sistema de produção, em geral bem escondido por trás do brilho das vitrines da moda. (…) Mais dia menos dia, o Brasil terá que escolher o tipo de país que deseja ser.”
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