4. Militares punidos na ditadura militar criticam anistia
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Em sessão conjunta, a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro ouviram ontem cinco militares da reserva que foram perseguidos, presos e torturados por resistir ao golpe de 1964.
Ferro Costa – que participou do gabinete do almirante Paulo Mário, o último Ministro da Marinha do governo de João Goulart – foi preso e cassado após o golpe.
Ele contou que a resistência à ditadura militar já ocorria antes do Ato Institucional 5 (AI-5), de 1968.
“Ficou cristalizada a ideia de que esse golpe foi uma salvação da democracia. Nunca se salva uma democracia com um golpe, é uma contradição”, disse ele.
“Além disso, diziam que nós éramos inimigos do Brasil, que os inimigos eram os comunistas, os legalistas, quando o verdadeiro inimigo do Brasil era a miséria, o atraso e a desigualdade em que grande parte do povo brasileiro estava mergulhada”.
Para ele, a anistia, concedida em 1979, beneficiou apenas os militares “criminosos, torturadores e assassinos” do próprio regime e foi uma farsa.
“Os marinheiros foram massacrados porque não tinham família aqui. É preciso mostrar à exaustão os fatos. A anistia foi outra fraude, nós não merecíamos anistia, porque nós não éramos criminosos. Os verdadeiros anistiados foram os criminosos que mataram e esconderam corpos. Nós temos que ser reparados. Os militares legalistas [os que resistiram à ditadura] ficaram esquecidos”.
Outro militar que falou às comissões foi o coronel do Exército Bolívar Meirelles, que servia em Goiânia quando foi preso.
De família tradicional do movimento de esquerda, foi um dos primeiros militares a ser cassados.
“Eu acho importante para o Brasil virem à tona esses torturadores, esses golpistas, para que isso não aconteça mais no Brasil. Que a juventude tenha sossego para poder amar, trabalhar, estudar.”
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