4. “Povo adora a Rota”, diz ex-comandante em julgamento do Carandiru
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O ex-comandante da Rondas Ostesivas Tobias de Aguiar (Rota) tenente-coronel Salvador Modesto Madia afirmou durante um interrogatório de quase seis horas por conta da morte de 111 presos na Casa de Detenção de São Paulo, em outubro de 1992, que a ideia de que a polícia atua com mais veemência contra “preto e pobre” não condiz com a verdade. Madia era tenente na época do “massacre do Carandiru” e junto com a sua tropa, responde por 73 mortes, ocorridas no terceiro pavimento do prédio.
“O povo adora a gente. A Rota não é contra preto e pobre. É só olhar para essa amostra da tropa que está aqui”, disse ele, apontando para outros 22 policiais que estão sob julgamento. Nesse momento, alguns deles, negros, se levantaram. Um se pronunciou, dizendo que passou 13 anos protegendo a população. Em seguida, começou a chorar, após ser advertido pelo juiz de que as manifestações não eram permitidas.
Madia disse também que membros da tropa comumente têm problemas financeiros. Segundo ele, muitos se aposentam com uma renda menor do que R$ 3 mil. Ele afirmou que essa percepção de parte da população se dá porque a Rota atua nas áreas em que o Estado entra menos. “O marginal entra onde o Estado não entra. Atuamos tanto na periferia como nos Jardins. Batemos com o crime organizado de verdade.”
O tenente-coronel disse que depois do “massacre do Carandiru”, tudo dentro da polícia mudou. “Só uma coisa não mudou. O sistema penitenciário continua um lixo. Onde cabe 200, tem 900. O Carandiru só mudou de endereço. Hoje está em Hortolândia, Tremembé e Itirapina…”
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