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5. Fome no Brasil é ainda uma “vergonha”, segundo um dos maiores sociólogos do mundo

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fome_no_brasilDepois de dez anos de Bolsa Família, chegou o momento de o governo brasileiro reconhecer que a estratégia de combate à fome chegou ao seu limite e que uma “mudança de 180 graus” terá de ser adotada se de fato Brasília estiver comprometida em acabar com a fome no País.

O alerta é de um dos principais sociólogos hoje na Europa, Jean Ziegler, que lança nesta semana no Brasil seu novo livro, Destruição em Massa – Geopolítica da Fome.

O suíço foi relator da ONU para o combate à fome e passou anos estudando o modelo utilizado pelos brasileiros para enfrentar a miséria.

Ziegler deixa claro que não é contra o Bolsa Família e que o programa de fato terá de continuar.

“Por favor, não estou dizendo que o Bolsa Família não é positivo”, diz ele. “Claramente ele foi um marco. Mas chegou a um limite. Trata-se de um programa assistencialista. Obviamente que tirou milhões de uma situação de fome. Foi histórico. Mas ele terá de ser mantido por mais 50 anos se nada mais for feito.”

Ziegler compara o Bolsa Família com a ajuda humanitária da ONU. “É boa por si só. Ela acabou com as angústias diárias de famílias. Mas a estrutura não muda com ela e é a estrutura que é perversa. Portanto, não é abolir o Bolsa Família. Ela é a medida de urgência, quando a casa está pegando fogo. Mas ela não vai reconstruir a casa.”

A solução, para ele, é o país investir na agricultura de subsistência, nos pequenos agricultores.

“Nesse ponto, o MST tem razão”, afirma. ”Um país que é uma grande potência econômica e política ainda tem 18% de sua população com algum risco de falta de alimento, isso é escandaloso. A agricultura de base é a mais eficiente. Ela evita que as periferias das grandes cidades explodam, ela ataca o desemprego, ela preserva o solo.”

Ele tem críticas aos governos Dilma e Lula nesse capítulo. “Não houve a reforma agrária prometida por Lula e Dilma. Isso é condição básica para que o Brasil possa lidar de uma forma decisiva contra a fome. Nos últimos dez anos, a taxa de pessoas que tinham dificuldades para se alimentar no Brasil caiu pela metade. Mas, ainda assim, ela é alta para um país que quer ser uma potência.”
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