5. Grandes laboratórios buscam cobaias humanas baratas em países como o Brasil
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Por anos, grandes laboratórios farmacêuticos têm testado novas drogas em países em desenvolvimento como Brasil, Índia, China e Rússia.
A prática é proibida, mas o uso da terceirização torna difícil a detecção.
Em 2008, a Fundação Uday indiana de auxílio às crianças publicou uma lista na qual identificou os nomes de todos os medicamentos que foram testados pelo All India Institute of Medical Sciences.
Em dois anos e meio, 49 bebês morreram no hospital durante estudos clínicos.
Entre as várias substâncias testadas em crianças estava o anti-hipertensivo Valsartan. O composto foi produzido pelo laboratório suíço Novartis. A empresa nega qualquer culpa pelas mortes.
“As crianças que participaram nos testes estavam muito doentes. Não pode ser determinado que a administração do Valsartan tenha sido a causa da morte em qualquer um desses pacientes”, disse a Novartis.
Será que testes semelhantes seriam possíveis na Alemanha ou na Suíça? Como o público reagiria caso bebês tivessem morrido em uma clínica em Basel ou Frankfurt?
Vários estudos indicam que mais da metade de todos os testes de drogas em todo o mundo ocorre em países recém-industrializados.
Não é apenas mais barata a realização dos estudos neles, mas muitos participantes são gratos por estarem recebendo algum tratamento.
As empresas são atraídas pela perspectiva de os padrões internacionais estabelecidos serem aplicados menos rigidamente do que na Europa Ocidental, Japão ou Estados Unidos.
A Declaração de Helsinque não deixa dúvida quanto ao procedimento de testes médicos. De autoria da Associação Médica Mundial em 1964 e revisado pela última vez em 2008, o documento determina como os participantes de testes médicos devem ser protegidos de qualquer mal.
O texto diz: “Na pesquisa médica envolvendo cobaias humanas, o bem-estar do paciente submetido à pesquisa deve estar acima de todos os demais interesses”.
Mas quando se trata da prática diária dos pesquisadores, esses preceitos costumam ser desprezados.
Se os laboratórios farmacêuticos cumprem todas as regras é muito difícil de monitorar. Muitos fabricantes terceirizam os testes frequentemente controversos de pílulas, os transferindo para empresas menores em países em desenvolvimento.
Em 2008, as empresas contratadas por grandes empresas farmacêuticas planejaram e realizaram mais de 9 mil estudos envolvendo aproximadamente 2 milhões de pacientes em 115 países.
As vendas representaram aproximadamente US$ 20 bilhões, segundo estimativas, o equivalente a um terço de todos os gastos globais em pesquisa de medicamentos.
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