Apoie o DCM

5. Os novos desafios da Mídia Ninja

[titulo id=5]

[saibamais leia]

BBC Brasil

[/saibamais]

1002578_210639859094167_1427885777_nSob os holofotes desde o início da onda de protestos no Brasil, o coletivo de jornalismo Mídia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) faz planos ambiciosos para o futuro.

“O nosso ideal é ajudar a criar uma rede financeiramente viável que dê conta não só da demanda do público por informação de qualidade, mas também da oferta de jornalistas que não encontram vagas no mercado ou que estão sendo despedidos das grandes redações”, disse à BBC Brasil o jornalista Bruno Torturra, um dos membros do grupo em São Paulo.

O primeiro passo começa nesta semana, com o lançamento de uma campanha de financiamento coletivo para dar estrutura a equipes de produção e, em seguida, do site oficial do coletivo, que deve reunir conteúdo de grupos espalhados por todo o país.

Além da organização do conteúdo de centenas de fotografias e horas de vídeos documentando as manifestações, o grupo também pretende responder aos pedidos do público e dos críticos por mais textos e material editado pelos jornalistas ─ um desafio para quem tem milhares de colaboradores e afirma não ter uma linha editorial única. “A gente tem uma teia”, diz Torturra.

A “teia” reúne grupos de produção cultural e comunicação em todo o país, ligados ao Fora do Eixo ─ uma rede de coletivos criada em 2005 para organizar festivais de música independentes. “Através do Fora do Eixo já estamos em todos os Estados, mas são pessoas com múltiplas funções, que são ativistas, produtores e que podem fazer a função de ninjas”, explica.

Atualmente, mais de 20 pessoas se dedicam exclusivamente à produção de conteúdo para a Mídia Ninja nas equipes de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador.

“Um número um pouco maior de pessoas nos dá apoio, inclusive offline (não apenas nas transmissões na internet). Depois temos ainda centenas de pessoas que são colaboradoras eventuais, mandam uma foto, um parágrafo. É algo que nem dá pra contar, vem em fluxo. E agora (depois do início das manifestações) temos mais de 1.500 pessoas inscritas para trabalhar para o Mídia Ninja, que ainda não organizamos e não sabemos como vamos organizar”, diz.

A popularidade também aumentou os questionamentos sobre o financiamento das operações do grupo. A Mídia Ninja, de acordo com Torturra, conta somente com parte dos recursos da rede Fora do Eixo e com o investimento voluntário da sua própria equipe.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o produtor cultural Pablo Capilé, um dos fundadores do Fora do Eixo, afirmou que a rede é autogestionada ─ arrecada dinheiro através de eventos e atividades organizadas pelos coletivos e por editais ou licitações públicas. O dinheiro de editais, no entanto, seria o equivalente a entre 3% e 7% do caixa.

“Não é dinheiro de governo, nem dinheiro de partido. É política pública”, defende Torturra. “Os recursos ajudam a financiar todas as atividades do Fora do Eixo nacionalmente, o que ajuda a Mídia Ninja a funcionar. Mas a Mídia Ninja nunca foi financiada por ninguém.”

Em uma reportagem recente, o jornal O Globoafirmava que os “Ninjas querem verba oficial para sobreviver” e destacava posts em mídias sociais que circulavam fotos de Capilé com lideranças do PT. O produtor admitiu ter fotos com políticos de diversos partidos nas redes sociais, mas negou qualquer influência partidária direta na produção da Mídia Ninja.

[final]