500 mil km² de áreas desmatadas na Amazônia foram cercadas, queimadas e convertidas em pastagens

Do Projeto Colabora:
Relatório divulgado hoje pela Anistia Internacional revela que cerca de dois terços das áreas desmatadas na Amazônia entre 1988 e 2014 foram cercadas, queimadas e convertidas em pastagens – quase 500.000 km2, uma área total equivalente a cinco vezes o tamanho de Portugal ou quase doze vezes o tamanho do Estado do Rio de Janeiro. Os pesquisadores também documentaram como algumas autoridades estaduais permitem a criação ilegal de gado em áreas protegidas.
“A pecuária ilegal é o principal fator do desmatamento na Amazônia. Isso representa uma ameaça muito real, não apenas aos direitos humanos dos povos indígenas e tradicionais que vivem lá, mas também a todo o ecossistema do planeta”, disse Richard Pearshouse, chefe do departamento de crises e meio ambiente da Anistia Internacional. “Enquanto o governo Bolsonaro reduz as proteções ambientais em nível federal, algumas autoridades estaduais estão efetivamente credenciando a pecuária ilegal que destrói áreas protegidas da floresta tropical”, completa Pearshouse.
Vale repassar um dos métodos de destruição da floresta. Madeireiros ilegais identificam as áreas onde há madeira de alto valor comercial. Uma vez identificadas as áreas, as estradas são abertas para que os trabalhadores – muitos em regime de escravidão – coloquem abaixo, em minutos, o que a natureza levou centenas de anos para construir. Em seguida, grileiros colocam fogo no que restou da floresta. Às vezes é necessário queimar mais de uma vez. Aí é hora de dividir a terra e vender os lotes – tudo ilegalmente – para a formação de pastos que vão abrigar rebanhos clandestinos de gado. Registre-se que para alimentar um único boi são necessários dez mil metros quadrados ou um campo de futebol inteirinho. Tem mais, na região da floresta amazônica brasileira vivem milhões de pessoas que direta ou indiretamente têm seus direitos violados e suas vidas atingidas pelo desmatamento.
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