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7.Snowden não denunciou antes espionagem porque achou que Obama ia mudar as coisas

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edward-snowden-had-a-secret-online-identity-while-working-for-us-spy-agenciesA fonte havia instruído seus contatos na mídia para que viessem a Hong Kong, visitassem um canto particularmente fora do caminho de um determinado hotel e perguntassem – em voz alta – como chegar à outra parte do hotel.

Se tudo corresse bem, a fonte passaria por ali segurando um cubo mágico.

Assim, três pessoas – Glenn Greenwald, que escreve sobre liberdades civis e recentemente transferiu seu blog para o “Guardian”, Laura Poitras, documentarista especializada em vigilância, e Ewen MacAskill, repórter do “Guardian” – voaram de Nova York a Hong Kong cerca de 12 dias atrás.

Eles seguiram as instruções. Um homem com um cubo mágico apareceu.

Era Edward J. Snowden, que tinha uma aparência ainda mais jovem do que seus 29 anos. Greenwald lembrou em uma entrevista em Hong Kong, na segunda-feira, que ficou chocado porque esperava alguém muito mais velho, tendo em vista os programas de vigilância secretos aos quais o homem tinha tido acesso.

“Ele não sente nenhum arrependimento de qualquer tipo, não há nenhuma sensação do tipo: ‘Nossa, o que foi que eu fiz? Agora não há como ser desfeito'”, disse Greenwald sobre Snowden.

“Ele está tão convencido de que fez a coisa certa. Ele não é delirante, é completamente racional. Ele entende que provavelmente vai terminar como Bradley Manning ou pior. No entanto, ele está tranquilo.”

Não está claro como Snowden conseguiu os documentos secretos.

Pessoas que conheciam Snowden quando era adolescente dizem que ele adorava computadores.

Joyce Kinsey, que morava em frente a Snowden, em Maryland, uma década atrás, disse que muitas vezes o via pela janela trabalhando em seu computador à noite.

“Ele estava sempre no computador, sempre”, disse ela. “Ele era apenas um garoto tranquilo, muito tranquilo”.

Snowden, que cresceu na Carolina do Norte, não terminou o ensino médio e frequentou aulas esporádicas na faculdade comunitária Anne Arundel, em Arnold, Maryland.

Registros militares mostram que ele se alistou na Reserva do Exército como recruta das Forças Especiais em maio de 2004 e foi dispensado menos de quatro meses depois, supostamente depois de quebrar as pernas em um acidente no treinamento.

Em algum lugar ao longo do caminho, ele recebeu permissão de acesso a dados ultrassecretos e, com sua experiência de computador, entrou para o establishment de segurança nacional.

Por mais de uma década, as agências de inteligência dos Estados Unidos têm estado desesperadas em busca de indivíduos com aptidões tecnológicas que possam administrar redes de computadores cada vez mais complexas, e que sejam aprovados em rigorosas análises de antecedentes.

Snowden saltou entre postos de trabalho dentro do governo e como funcionário terceirizado da CIA na Suíça e na Agência de Segurança Nacional (ASN), no Japão, em Maryland e no Havaí, de acordo com seu relato.

Finalmente, ganhando quase US$ 200.000 (em torno de R$ 400.000) por ano em instalações secretas como administrador de sistemas de computador, ele teve acesso a enormes quantidades de informações secretas.

Em uma entrevista em vídeo realizada por Greenwald e gravada por Poitras, Snowden contou ter visto “regularmente” coisas “perturbadoras” e, ao fazer perguntas sobre o que considerava como abuso, descobriu que ninguém se importava.

Com o tempo, concluiu que sua vida confortável estava ajudando a construir uma “arquitetura de opressão”.

Snowden contou ao “The Guardian” que foi durante seu trabalho em Genebra como técnico de informática para a CIA que pensou pela primeira vez em divulgar segredos do governo.

Mas ele disse que se segurou, em parte porque esperava que a eleição do senador Barack Obama como presidente, em 2008, pudesse reverter o crescimento do estado de vigilância.

Mas o fato de Obama ter adotado muitas das políticas antiterrorismo do governo Bush o “endureceu”, e ele disse ao “Guardian” que entendeu que uma pessoa não pode esperar os outros para agir.

“Eu estava buscando líderes, mas percebi que liderança é ser o primeiro a agir”, disse ele.
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