8. Taxa de homicídios de negros cresce 9% em cinco anos
[titulo id=8]
[saibamais leia]
[/saibamais]
Favela Danon, município de Nova Iguaçu, 20 de junho de 2011, Baixada Fluminense.
O menino Juan Moraes voltava para casa nos últimos momentos de sua vida. O que aconteceu no instante em que foi morto é nebuloso e ainda não foi totalmente esclarecido, pois o caso ainda será julgado pelo Tribunal do Júri.
Denúncia do Ministério Público, no entanto, relata que Juan, um menino negro de 11 anos, foi morto por policiais militares que faziam uma operação na favela.
De acordo com o MP, os policiais atiraram na criança, pensando que era um traficante de drogas. Ao perceber que tinham matado um menino desarmado, os policiais tentaram ocultar o crime escondendo o corpo.
O crime talvez nunca tivesse a autoria identificada se um irmão de Juan, ferido na ação, não sobrevivesse. Foi ele quem relatou o desaparecimento do irmão e a tentativa dos policiais em sumir com o corpo.
Juan foi um dos 35.207 cidadãos negros assassinados no país em 2011, segundo levantamento feito pela Agência Brasil com base em dados do Ministério da Saúde.
Cruzando as informações do ministério com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verifica-se que, em 2011, a taxa de homicídios dessa população foi 35,2 por 100 mil habitantes, taxa 9% acima do que a observada cinco anos antes.
Ao mesmo tempo em que negros ficaram mais vulneráveis à violência nesses cinco anos, a taxa de homicídios da população branca caiu 13%.
O dado reflete a grande disparidade racial que existe no Brasil, quando se trata de vítimas de assassinatos.
Com o aumento dos homicídios entre a população negra, a probabilidade de um preto ou pardo ser vítima de assassinato no país passou a ser 2,4 vezes maior do que a de um branco.
Mãe de um jovem negro executado em 2006 por um grupo de extermínio na Baixada Santista, em São Paulo, Débora Maria da Silva lamenta a situação no país.
O gari Edson Rogério Silva dos Santos foi morto a tiros em maio de 2006, durante uma onda de ataques no estado de São Paulo, quando saía para comprar remédio.
Para a mãe de Edson, os negros são as maiores vítimas, porque moram nas áreas mais pobres da cidade.
Para ela, permanecem no Brasil “as senzalas, que são as periferias, e os porões dos navios negreiros, que são os presídios”.
[final]