80% dos policiais dizem que vencedor deve assumir a presidência, aponta pesquisa

Foto: Albari Rocha
A grande maioria dos policiais brasileiros apoia a democracia e confia no processo eleitoral. Essa é uma das descobertas de uma pesquisa feita em agosto deste ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com profissionais de todas as forças policiais . Os diretores da organização avaliam que o dado pode ser encarado como uma boa notícia em meio ao temor de golpe no Brasil e à proximidade das manifestações convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Dia da Independência.
Segundo o levantamento “Policiais, Democracia e Direitos 2022”, e que começa a ser divulgado neste domingo (28/08), para 84,5% dos policiais a democracia é preferível a qualquer outro regime de governo, percentual quase 10 pontos maior do que o revelado pelo Datafolha em pesquisa divulgada no último dia 19 de agosto de 2022, que teve como público-alvo a população brasileira adulta.
Em 2021, a adesão de PMs às manifestações bolsonaristas no 7 de Setembro provocou reação de governadores, que tiveram de agir para controlar as tropas. Quando chegou o dia, porém, não se tornaram públicas notícias de problemas com policiais, enquanto caminhoneiros que romperam barreiras e ocuparam a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tentaram invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para as manifestações deste ano, que Bolsonaro convocou principalmente para Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, não há registros, até agora, de mobilização expressiva de profissionais da segurança pública. “Chegamos a 80,9% respondendo que não aceitam ruptura por golpe. Essa informação é importante”, assinala Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança.
Para ele, porém, “não se pode baixar a guarda” no monitoramento de mobilizações, porque a mesma pesquisa mostrou que entre 15% e 40% dos policiais que responderam podem ser considerados radicalizados ou potencialmente radicalizáveis, a depender das características da conjuntura política e institucional. São os que não discordam ou relativizam um golpe de Estado.
“A visão golpista existe e exige cuidado, mas os dados mostram que são muitos os policiais que acreditam na democracia, até mais que na população em geral”.