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84% dizem que o país está no rumo errado, segundo nova pesquisa

Da coluna de Sônia Racy no Estadão:

 

Não é fácil entender um país onde 64% acham que a democracia é o melhor regime e 51% afirmam que as coisas estariam melhor se não existisse partido nenhum. Onde 47% dos que se dizem de esquerda sustentam que “direitos humanos não devem valer para bandidos” e 64% dos ditos direitistas aprovam um governo com estatais fortes. E tudo num cenário onde 84% dizem que o País “está no rumo errado” mas, ao mesmo tempo,  a política é relegada, nas percepções individuais,ao oitavo ou nono lugar entre as coisas que o pesquisado considera importantes.

Números como esses e outros na mesma direção – ou falta dela… – acabam de ser levantados na pesquisa “O Brasileiro e a Política”, pelo Instituto Locomotiva, do economista Renato Meirelles. O  trabalho traz, em seu conjunto, dois fatos centrais. O primeiro, um distanciamento gigantesco entre cidadania e classe política — fenômeno que não é novo mas que vem à tona em números atuais. O segundo é um cenário difuso, de percepções às vezes conflitantes, de uma nova opinião pública forjada pelas redes sociais e até aqui ignorada pela maioria dos políticos.

 

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A pesquisa do Locomotiva mostra que 96% acham que o País vive uma crise. Para 75% é uma crise grave e 43% se sentem muito atingidos por ela. Por fim, 84% não se sentem representados por nenhum partido político. O que esses dados mostram?

Eles apontam que o descolamento dos dirigentes em relação à opinião pública nunca chegou a patamar tão grande. E grande a ponto de ser transversal – está presente em todas as classes econômicas, faixas etárias, regiões e níveis de educação. É um descontentamento inédito, um divórcio, um caminho sem volta que só vai se resolver quando se repactuar um novo modelo para gerir a sociedade.

Quando e como tomou corpo todo esse descontentamento?

Foi principalmente a partir de 2013, quando a cidadania mudou sua régua de qualidade, tornando-se mais exigente com as autoridades. O que impressiona é como a classe política desprezou a importância disso. Até hoje ela não enxerga direito a situação.

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