9. Campanha quer caçar os últimos nazistas da Alemanha
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“Estamos falando de cerca de 60 pessoas que, dia após dia e durante um longo período de tempo, estiveram envolvidas em assassinatos em massa”, explica Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal em Jerusalém. “Não há motivos para ignorar essas pessoas só porque elas nasceram em 1919, 1920 ou 1921.”
O Centro ocupa-se principalmente de investigações sobre o Holocausto e tornou-se conhecido por espetaculares rastreamentos de criminosos de guerra. Operation Last Chance (Operação Última Chance) é o nome de uma nova campanha, que busca levar a julgamento os últimos criminosos de guerra nazistas que ainda vivem na Alemanha.
Para isso, mais de dois mil cartazes foram espalhados pelas ruas de Berlim, Colônia e Hamburgo nesta terça-feira (23/07), convidando a população a ajudar na localização desses criminosos. Os cartazes ficarão expostos por duas semanas.
O principal alvo da campanha são antigos guardas de campos de concentração e membros dos temidos Einsatzgruppen, grupos de intervenção criados para o extermínio de minorias étnicas e ligados à SS, a organização paramilitar do partido nazista.
Zuroff estima que o número de envolvidos possa chegar a seis mil pessoas, a maioria homens. Cerca de 98% delas já deve estar morta. Se a metade dos sobreviventes estiver velha ou doente demais para enfrentar um processo, restam ainda cerca de 60 pessoas. Segundo ele, o número de criminosos nazistas que vive em liberdade é maior do que geralmente se supõe, ainda que ninguém saiba o número exato.
Recompensa de até 25 mil euros
O estímulo para a campanha veio da condenação de Iwan Demjanjuk, há dois anos, em Munique. O tribunal considerou que o fato de Demjanjuk ter trabalhado como guarda no campo de extermínio de Sobibor era suficiente para a condenação, mesmo que a qualidade das provas de envolvimento direto nos crimes fosse precária.
Até então, tribunais alemães vinham arquivando processos contra supostos criminosos de guerra por não haver provas suficientes de participação direta em torturas ou assassinatos: muito tempo havia passado, evidências foram destruídas e muitas testemunhas estavam mortas.
Com essa guinada na jurisprudência, o tribunal de Munique abriu a possibilidade de se fazer justiça em relação a alguns criminosos de guerra nazistas, diz Zuroff, mesmo que as provas sejam cada vez mais escassas.
A campanha agora lançada conta com a ajuda da população. “Estamos dizendo: ‘Milhões de pessoas inocentes foram assassinadas por criminosos nazistas, ajude-nos a levar esses criminosos à Justiça, oferecemos até 25 mil euros por cada informação'”, diz Zuroff.
A oferta de recompensas gerou críticas. O historiador teuto-israelense Michael Wolffsohn disse que a iniciativa é de mau gosto e nociva, já que, para ele, induz à compaixão para com velhos criminosos de guerra.
Também o professor de política Joachim Perels, cujo pai foi executado pelos nazistas e que há anos se ocupa de assuntos relacionados ao período, diz ter reservas em relação à campanha.
Embora elogie o Centro Simon Wiesenthal pela localização de criminosos de guerra e pelo apoio a autoridades, Perels lembra que já há autoridades responsáveis pela localização de antigos criminosos de guerra nazistas na Alemanha. Atualmente, na cidade de Ludwigsburg, promotores investigam 50 ex-guardas de campos de concentração.
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