9. Garota de 11 anos grávida do estuprador reacende debate sobre aborto no Chile
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O caso de uma menina de 11 anos que engravidou após ser estuprada pelo padrastro colocou o direito ao aborto no centro do debate político no Chile.
A discussão ganhou força com as declarações do presidente Sebastián Piñera, cujo governo defende a legislação em vigor, que proíbe todo tipo de interrupção da gravidez.
A vítima, chamada Belén, vive no sul do país e está grávida de pouco mais de três meses. O drama da garota fez com que médicos e setores da oposição passassem a pedir a revisão da lei que proíbe a interrupção da gravidez.
Belén, por sua vez, disse que, apesar do grau de violência sofrido, quer manter a gestação.
“Para mim vai ser como uma boneca que vou amar muito apesar de ser deste homem que me machucou tanto”, disse a menina ao Canal 13 de televisão.
Apesar da disposição da vítima, o presidente do Colégio Médico do Chile (associação que reúne os cirurgiões do país), Enrique Paris, disse que a interrupção da gravidez em casos assim é pertinente e que a lei precisa ser revista.
“Imaginem uma menina de 11 anos grávida. Ela corre risco, e o bebê pode nascer com deformações”, afirmou.
Durante um ato público, Piñera entrou no debate na última terça-feira e disse que a menina tinha “surpreendido a todos” ao dizer que estava decidida a ter o bebê.
“Ela surpreendeu a todos ao falar, com profundidade e maturidade, que, apesar da dor provocada pelo homem que a violou, quer ter e cuidar do seu bebê”, disse o presidente.
O discurso de Piñera e declarações de membros de seu governo contrários a qualquer mudança na lei geraram manifestações de apoio e ira nas redes sociais.
A atual lei que proíbe todo tipo de aborto no Chile foi sancionada em 1989, nos últimos meses da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Durante o regime militar, a interrupção da gravidez em casos específicos era permitida.
Diante do caso, a ex-presidente Michelle Bachelet (2006-2010), candidata às próximas eleições presidenciais, em novembro deste ano, defendeu que o direito aborto seja permitido no país.
“Acho que o aborto deve ser autorizado principalmente nos casos de violação ou por questão médica, não importando a idade da pessoa. Mas no caso desta menina de onze anos (o aborto) é ainda mais importante. Ela tem toda uma vida pela frente e deve ser protegida”, afirmou.
Durante sua presidência, Bachelet promulgou a lei que permitia a pílula do dia seguinte – na época, o debate gerou forte polêmica no país.
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