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A crise da Covid-19 no Brasil é um alerta para o mundo inteiro, dizem cientistas ao New York Times

Do New York Times

Foto: Dado Galdieri/The New York Times

A Covid-19 já deixou um rastro de morte e desespero no Brasil, um dos piores do mundo. Agora, um ano após o início da pandemia, o país está prestes a estabelecer outro recorde doloroso.

Nenhuma outra nação que experimentou um surto tão grande ainda está lutando contra o número recorde de mortes e um sistema de saúde à beira do colapso. Muitas outras nações duramente atingidas estão, em vez disso, dando passos provisórios em direção a uma aparência de normalidade.

Mas o Brasil está lutando contra uma variante mais contagiosa que atropelou uma grande cidade e está se espalhando para outras, mesmo quando os brasileiros jogam fora medidas de precaução que poderiam mantê-los seguros.

Na terça-feira, o país registrou mais de 1.700 mortes por Covid-19, o maior número de vítimas da pandemia em um único dia.

“A aceleração da epidemia em vários estados está levando ao colapso de seus sistemas hospitalares públicos e privados, o que pode em breve se tornar o caso em todas as regiões do Brasil”, disse a associação nacional dos secretários de saúde em nota. “Infelizmente, o lançamento anêmico de vacinas e o ritmo lento em que estão se tornando disponíveis ainda não sugere que esse cenário será revertido no curto prazo.” (…)

“Você precisa de vacinas para impedir que essas coisas aconteçam”, disse William Hanage, epidemiologista de Harvard, sobre variantes que podem causar reinfecções. (…)

O perigo de novas variantes não passou despercebido aos cientistas de todo o mundo. Rochelle Walensky, diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, implorou aos americanos nesta semana para não decepcionarem seus guardas. “Por favor, me ouça atentamente”, disse ela. “Nesse nível de casos com propagação de variantes, podemos perder completamente o terreno conquistado com tanto esforço.”

Os brasileiros esperavam ter visto o pior do surto no ano passado. Manaus, capital do estado do Amazonas, foi tão atingida em abril e maio que os cientistas se perguntaram se a cidade poderia ter atingido a imunidade coletiva.

Mas então, em setembro, os casos no estado começaram a aumentar novamente, deixando as autoridades de saúde perplexas. Uma tentativa do governador do Amazonas, Wilson Lima, de impor uma nova quarentena antes do feriado de Natal, encontrou forte resistência de empresários e políticos proeminentes próximos ao presidente Jair Bolsonaro. (…)