A gente tira onda dos EUA, diz Wagner Moura ao comparar democracias

O ator Wagner Moura, alvo de ataques de deputados bolsonaristas que pediram sua investigação pelo governo estadunidense, falou sobre os episódios em entrevista à Folha. “É muito vira-lata, é muito colonizado”. Ele completou: “Vai contra a liberdade de expressão que a própria direita prega para esconder o seu discurso de ódio. Se forem me investigar, eu estou de boa”.
Paralelamente às polêmicas, Moura retorna aos palcos após 16 anos com a peça “Um Julgamento”. O espetáculo revisita o clássico “Um Inimigo do Povo”, de Henrik Ibsen, e coloca seu personagem em um tribunal fictício. Sobre seu método de atuação, o artista explica: “Os personagens sempre são, para mim, uma amálgama entre ele e eu mesmo. São o resultado do que eu faria se estivesse naquela situação”.
O retorno ao teatro coincide com um momento de reconhecimento internacional. Moura conquistou o prêmio de atuação no Festival de Cannes por “O Agente Secreto” e é cotado para indicação ao Oscar. Sobre as expectativas, mantém postura ponderada: “Eu acho que é muito cedo para ficar falando disso, porque tem um monte de filme para estrear, tem um chão enorme pela frente”.
Questionado sobre paralelos entre a peça e a realidade política, o ator foi enfático. “Havia no julgamento versões da verdade, não fatos”, disse, referindo-se ao processo golpista de Bolsonaro. Ele expressou preocupação com a distorção da realidade: “Nossa democracia não é falha. Inclusive, a democracia brasileira está no seu melhor momento. A gente está tirando onda dos americanos”.
