A história do avião que caiu na Amazônia por causa de uma vírgula

Há 35 anos, em 1989, o voo Varig 254 ficou lembrado como um dos acidentes mais emblemáticos da aviação brasileira, causado por um erro de interpretação de uma vírgula. O Boeing 737-200, com 54 pessoas a bordo, deveria seguir de Marabá para Belém, no Pará, mas acabou se desviando por horas e, sem combustível, fez um pouso forçado na Amazônia. Das 54 pessoas, 12 morreram e 17 ficaram gravemente feridas.
O plano de voo indicava a rota “0270”, que deveria ser interpretada como 027,0°, mas os pilotos seguiram 270°, direcionando o avião para o oeste, em vez de norte, rumo a Belém. A confusão ocorreu porque, no Brasil, usa-se vírgula para separar casas decimais, enquanto em outros países é utilizado o ponto.
Esse erro inicial desencadeou uma série de falhas que resultaram no esgotamento do combustível e na queda da aeronave em uma zona de mata ao norte de São José do Xingu, no Mato Grosso. O Cenipa, órgão da Aeronáutica responsável pela investigação, identificou vários fatores que contribuíram para a tragédia além da vírgula.
Entre eles, a falha em contatar o avião após o atraso no pouso, a inadequada representação gráfica do plano de voo e a dificuldade dos pilotos em identificar pontos de referência no solo devido à névoa seca e ao pôr do sol. Apesar de suspeitas de distração dos pilotos por ouvirem um jogo de futebol, isso não foi comprovado na investigação.