A Líbia estava melhor com Gaddafi?

Trechos de um artigo da BBC, sobre a Líbia pós-Gaddafi:

Quando a cura é pior que a doença? Esta é uma pergunta sem resposta, mas quando se trata da Líbia pós-revolução, é uma questão a ser analisada.

A doença era Gaddafi. A cura foi uma revolução apoiada por ataques aéreos internacionais, sucedida por um Estado fracassado que se tornou um campo para extremistas islâmicos.

Diplomatas tendem a ser otimistas profissionais. A maioria acredita que é possível chegar-se a um bom resultado em quase qualquer crise – pelo menos na teoria. Mas conversar sobre o colapso da Líbia é um teste duro para o sangue frio que eles costumam ter.

Sempre que, por exemplo, há algum pequeno sinal de progresso em meio a um aparente desastre, diplomatas britânicos costumam falar em “progresso na direção certa”. Mas ninguém usa essa frase sobre a Líbia atual.

Em vez disso, os conselhos de viagem emitidos pela chancelaria britânica não deixam espaço para dúvidas. “Desaconselha-se qualquer viagem à Líbia devidos aos combates e a grande instabilidade no país”.

“Cidadãos britânicos na Líbia são instados a deixar imediatamente (o país) por meios comerciais. A embaixada britânica em Trípoli foi fechada temporariamente e não é possível prestar assistência consular”.

O alerta foi seguido pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas esta semana, ao anunciar sanções contra dois grupos islâmicos líbios acusados de terem ligações com o grupo Al-Qaeda no Magrebe Islâmico.

Então, o que aconteceu com o país “libertado” em 2011 de décadas de ditadura Gaddafi?

Ocorreu o colapso – previsto por muitos especialistas – de uma frágil aliança de conveniência entre os rebeldes.

Em junho de 2014, a Líbia realizou sua segunda eleição nacional desde a derrubada de Gaddafi. Mas poucos meses depois de ser eleito, o novo Parlamento foi forçado a deixar a capital, Tripoli, expulso por islamistas e milícias tribais em um país fragmentado e excessivamente armado.

A Câmara dos Deputados foi forçada a um exílio interno, reunindo-se na cidade de Tobruk, perto da fronteira leste da Líbia. Os islamitas têm a sua própria legislatura alternativa em Trípoli, o Conselho Nacional Geral.

Analistas apontam que, além do efeito desastroso desta ruptura interna, a guerra civil é um golpe fatal nas perspectivas de investimento estrangeiro, vitais para a Líbia. Quem deve negociar com os investidores? Há qualquer lugar do país que seja seguro para eles investirem?

Paulo Nogueira

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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