A nova espécie de raia-manta descoberta no Brasil

Pesquisadores identificaram uma terceira espécie de raia-manta, a Mobula yarae, nomeada em homenagem à figura folclórica brasileira Iara. A descoberta, publicada em julho na revista Environmental Biology of Fishes, culminou mais de 15 anos de pesquisas e foi possível após a análise de um espécime encontrado morto em uma praia da Flórida em 2017. A nova espécie habita águas costeiras tropicais do oeste do Atlântico, do leste dos Estados Unidos até o Brasil.
A M. yarae apresenta características únicas que a diferenciam das duas espécies já conhecidas: a jamanta-gigante (Mobula birostris) e a jamanta-de-recife (Mobula alfredi). Entre as distinções estão manchas brancas em forma de V nos ombros, coloração mais clara ao redor da boca e olhos, e padrões específicos de manchas escuras no ventre. A espécie pode atingir tamanho semelhante ao da jamanta-gigante, que chega a 9 metros de comprimento.
Fragmentos da nova espécie já haviam sido coletados em praias brasileiras, em Ilha Comprida (SP), Natal (RN) e Fernando de Noronha (PE), mas a confirmação só foi possível com a análise genética do espécime da Flórida. “As crianças costumam me perguntar se, nos dias de hoje, ainda há algo a ser descoberto”, escreveu no Instagram a pesquisadora Andrea Marshall, pioneira no estudo de raias-manta. “Eu sempre rio e acabo contando minha história, porque sou a prova viva de que há”.
A descoberta permitirá que cientistas desenvolvam estratégias específicas para proteger a M. yarae, vulnerável a colisões com embarcações e captura acidental por pescadores. O DNA da espécie sugere que ela se separou evolutivamente das outras raias-manta há relativamente pouco tempo, oferecendo uma oportunidade única para estudar processos evolutivos em ação.
