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A origem do escândalo de Renan

Com Mônica, pivô do escândalo
Com Mônica, pivô do escândalo

Da Piauí:

Há nove anos, em pleno Carnaval de 2007, Renan Calheiros jantava sozinho na residência oficial do Senado, acuado e deprimido com o escândalo que começara com a descoberta de que a empreiteira Mendes Júnior pagava a pensão da mãe de um filho seu, e só terminaria meses depois, com sua renúncia da presidência da Casa para evitar a cassação.

Naquela noite, duas visitas chegaram de surpresa. O senador as convidou à mesa, mas permaneceu alheio e mal conseguiu interagir. Grogue, muito provavelmente entupido de remédios, tentou conversar, mas apagou ali mesmo, sem concluir a refeição, diante dos pratos de comida e das visitas constrangidas.

Ontem, após a decisão do Supremo Tribunal Federal que o manteve no cargo, a mesma casa estava em festa, repleta de políticos, comemorando com vinhos e uísques a derrota que o Senado impôs ao STF. Por incrível que pareça, o caso que originou toda a celeuma é ainda o mesmo – o inquérito sobre a pensão paga pela Mendes Júnior a uma amante.

Depois de nove anos dormitando nas gavetas judiciais, a denúncia do Ministério Público foi aceita pelo Supremo, gerando a questão arbitrada ontem – afinal, pode ficar no cargo um político que, sendo o terceiro na linha de sucessão da presidência da República, é alvo de investigação no STF? Para perplexidade geral de todos os que não comungam dos códigos de Brasília, a corte disse que sim, pode.

Arrumou-se uma jabuticaba legal tão esdrúxula quanto a criada para impichar Dilma sem tirar-lhe os direitos políticos: no caso, Calheiros fica no cargo, mas não pode substituir o presidente da República.

Em troca do aval do Supremo, ele aceitou congelar a tramitação do projeto que impõe limites para abusos de autoridade de promotores e juízes. Que não reste dúvida, porém: mesmo cedendo, é o presidente do Senado o grande vitorioso desse episódio.

(…)