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“A polarização no Brasil é entre o fascismo e a democracia”, diz Lula à Euronews

Em entrevista à Euronews nesta segunda (12), o ex-presidente Lula falou sobre a polarização no Brasil e avaliou o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

“A polarização no Brasil agora é diferente. Não é entre dois extremos, um de direita, outro de esquerda. A polarização no Brasil é entre o fascismo e a democracia. Eu represento a democracia, porque sou de um partido democrático que tem uma história de governança muito democrática. E Bolsonaro representa o fascismo. Portanto, o que está em jogo é isso: é uma polarização de verdade”, disse Lula.

“O povo vai decidir quem gosta de democracia, quem quer o presidente democrático, ou quem quer a continuidade de um fascista no governo. É isso que está polarizado. E a gente não tem de ter medo da polarização. A gente tem de ter consciência de que, depois das eleições, quem ganhar as eleições vai ter de governar unificando a sociedade, conversando com todos os seres humanos daquele país e tentar construir uma governança em que as pessoas possam viver mais felizes e em paz, trabalhar e viver dignamente”, completou o petista.

Leia abaixo trechos da entrevista:

Anelise Borges, Euronews: O presidente que o senhor acusa de ser um genocida chama-se Jair Bolsonaro e é uma figura realmente muito controversa, inclusive na comunidade internacional. Porém, muitos culpam o seu partido, o Partido dos Trabalhadores, – e as falhas desse partido – pela ascensão de Jair Bolsonaro. Dizem por exemplo que o desencanto com 14 anos de PT no poder levou a uma situação política que empurrou muita gente para votar no candidato de extrema-direita. O que é que tem a dizer sobre isso?

Lula da Silva: Os que dizem isso são aqueles que votaram no Bolsonaro, aqueles que contribuíram para ele ganhar. Quem é que contribuiu para o Bolsonaro ganhar as eleições? Aqueles que me acusaram falsamente, aqueles que me colocaram 580 dias na cadeia para que eu não pudesse disputar as eleições, aqueles que fizeram acusações falsas contra mim. Agora já está provado que as acusações eram falsas, que o juiz era parcial, que os procuradores faziam parte de uma quadrilha. Tudo isso já está provado.

Bolsonaro é resultado de uma mentira, de uma farsa, porque nunca houve tantas fake news numa campanha. Ele não participou no debate. Ele mentiu e mentiu descaradamente. Ainda hoje, Bolsonaro conta quatro mentiras por dia. Quatro mentiras por dia! Imagine quantas é que ele contou durante o processo eleitoral. Então, na verdade, o povo tomou uma decisão – na minha opinião – equivocada ao votar em Bolsonaro, mas esse é o risco da democracia, esse é o risco do processo eleitoral.

A polarização no Brasil agora é diferente. Não é entre dois extremos, um de direita, outro de esquerda. A polarização no Brasil é entre o fascismo e a democracia. Eu represento a democracia, porque sou de um partido democrático que tem uma história de governança muito democrática. E Bolsonaro representa o fascismo. Portanto, o que está em jogo é isso: é uma polarização de verdade. O povo vai decidir quem gosta de democracia, quem quer o presidente democrático, ou quem quer a continuidade de um fascista no governo. É isso que está polarizado. E a gente não tem de ter medo da polarização. A gente tem de ter consciência de que, depois das eleições, quem ganhar as eleições vai ter de governar unificando a sociedade, conversando com todos os seres humanos daquele país e tentar construir uma governança em que as pessoas possam viver mais felizes e em paz, trabalhar e viver dignamente.

É isso que eu vou fazer. Eu já fiz. Já fiz uma vez, já fui presidente [durante] oito anos, já consegui provar que é possível construir um Brasil altamente desenvolvido, um Brasil que melhora a qualidade de vida do seu povo. E é conhecida a luta que eu tenho contra a desigualdade e para combater a pobreza. Nós conseguimos tirar o Brasil do “Mapa da Fome” da ONU e lamentavelmente a fome voltou ao nosso país. Eu serei um presidente que vai governar o país para todos, mas as pessoas têm de saber que, ao governar para todos, a parte pobre da população é a parte que terá preferência numa governança minha.