‘A violência nos levou a construir um ativismo’, diz Erika Hilton, 1ª negra trans na Câmara de SP
Do Estadão

Aos 27 anos, Erika Hilton (PSOL) se tornou a primeira mulher negra e trans eleita para a Câmara Municipal de São Paulo. Foi também a mulher mais votada, com mais de 50 mil votos. O resultado veio com a totalização das urnas neste domingo, mas a militância, segundo Erika, vem de muito antes.
Além de indicarem um arrefecimento do discurso antipolítica que ajudou a eleger Jair Bolsonaro, as eleições de 2020 foram marcadas pelo crescimento da chamada política identitária nas Câmaras Municipais. Ao menos 25 transexuais e travestis foram eleitos vereadores em todas as regiões do País.
“Eu tenho uma trajetória muito parecida com a das mulheres trans e travestis: expulsa de casa, vivenciando a prostituição muito jovem. Nesse lugar, a gente conhece a desumanização, a violência do Estado e das pessoas contra o corpo negro, contra o corpo trans”, relata Erika. “A partir dessas violências todas, a gente percebe a necessidade de se organizar para construir um ativismo.”
Erika concorreu a um cargo eletivo pela primeira vez em 2016, quando se lançou para a Câmara Municipal de Itu – mas não levou a campanha adiante. Já em 2018, concorreu em uma chapa coletiva do PSOL para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e acabou eleita como uma das codeputadas da Bancada Ativista (PSOL). Deixou o mandato este ano para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal. (…)