Aceno de Dilma a evangélicos não convenceria, dizem pastores
Ao assumirem posições sobre temas polêmicos como a criminalização da homofobia e o aborto, as candidatas que lideram a corrida presidencial – Dilma Rousseff, do PT, e Marina Silva, do PSB – mobilizaram a atenção de líderes evangélicos.
Os assuntos dominam o noticiário eleitoral desde que, pouco após lançar seu programa de governo, na sexta-feira, Marina alterou o capítulo que trata de propostas para a comunidade LGBT.
O programa inicial defendia, entre outros pontos, a aprovação do casamento gay e a criminalização da homofobia, mas as duas propostas foram eliminadas. A mudança ocorreu após fortes críticas públicas do pastor Silas Malafaia, que comanda o Ministério Vitória em Cristo da igreja Assembleia de Deus e é um dos principais líderes evangélicos do país.
Após o último debate entre os presidenciáveis, na segunda-feira, Dilma defendeu em entrevista a criminalização da homofobia.
Por outro lado, segundo reportagem da “Folha de São Paulo” desta terça, a presidente pretende apoiar uma lei que garantiria benefícios fiscais a igrejas evangélicas, numa provável tentativa de agradar ao eleitorado protestante.
Em entrevista à BBC Brasil, Malafaia criticou a suposta intenção de Dilma de aprovar a Lei Geral de Religiões, que estenderia a igrejas evangélicas benefícios fiscais já concedidos à Igreja Católica.
“Ela está pensando que os pastores são otários. Durante quatro anos o PT lutou contra todas as nossas crenças, valores e princípios, e agora querem o apoio do povo evangélico?”
Outros líderes evangélicos entrevistados pela BBC Brasil defenderam Marina das críticas que ela sofreu pelo recuo.
Para o apóstolo Paulo de Tarso, presidente da Igreja Betlehem, de São Paulo, o episódio expôs uma “desorganização natural” no comitê da candidata após a morte de Eduardo Campos.
Para o pastor Sérgio Ribeiro, líder da Comunidade Evangélica de Santiago, do Rio Grande do Sul, a mudança “demonstra o compromisso de Marina com princípios cristãos”.
Os dois líderes expressaram desconfiança quanto a possíveis medidas de Dilma para agradar o segmento.
Para Tarso, o governo do PT “perdeu a credibilidade” entre os evangélicos. “Acreditamos que qualquer aceno agora não tem mais possibilidade de traduzir uma posição real”, ele diz.
Ribeiro, por sua vez, diz que a aprovação da Lei Geral de Religiões teria pouco impacto para a maioria das igrejas evangélicas do país, que são pequenas.
“Essa lei beneficia igrejas que têm muitos prédios, estrutura. Para nós, que trabalhamos e não dependemos da igreja para sobreviver, muda muito pouco.”
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