Acidente aéreo nos Andes: sobrevivente diz que “venceu tabus” após comer carne humana

O filme espanhol “Sociedade da Neve,” indicado ao Globo de Ouro e cotado para o Oscar, revive a tragédia do voo 571 que ocorreu há 51 anos. Partindo de Montevidéu para Santiago do Chile, a aeronave, que transportava um time de rúgbi, caiu nas cordilheiras dos Andes. Dos 45 ocupantes, apenas 16 foram resgatados após 72 dias de luta pela sobrevivência.
Em uma entrevista em 1993, três sobreviventes – Nando Parrado, Carlitos Paez e Gustavo Zerbino – compartilharam suas experiências durante o lançamento do filme “Alive”. Zerbino destacou a dificuldade de tomar a decisão de consumir carne humana para sobreviver, enfrentando tabus filosóficos, religiosos e fisiológicos. Segundo ele, a atitude tornou-se necessária após 10 dias sem comida e temperaturas extremamente baixas.
“Tínhamos que vencer tabus filosóficos, religiosos e fisiológicos”, disse. “Mas, depois de 10 dias sem comer, a uma temperatura de 25 graus abaixo de zero, comer carne humana não era mais grave do que enfrentar a natureza, cuidar dos feridos, sobreviver à avalanche. Não somos heróis. Sofremos muito, mas sobrevivemos porque não perdemos o senso de humor, a solidariedade e a fé”.
O sobrevivente Antonio Valentim também foi um dos que detalhou o sacrifício de preparar a carne dos colegas falecidos: cortada com gilete, seca ao sol. A antropofagia dos Andes, embora inicialmente repugnante, foi compreendida pela Igreja e pela Justiça, conforme relatado pelos correspondentes Renée Sallas e Hector Maffuche de Montevidéu em 11 de março de 1974.
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