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Ações de Moro no caso dos hackers irritaram Bolsonaro e PF

O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante solenidade de assinatura da MP para confisco de bens de traficantes – 17/06/2019 (Carolina Antunes/PR)

De Ricardo Noblat na Veja.

Por enquanto, o melhor é não convidarem para a mesma mesa o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Sérgio Moro. Em sua fase mais recente, chamada jocosamente por assessores de Gabriela (“Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim…”), Bolsonaro tem se queixado do ministro com palavras duras.

Tudo a ver com o modo como Moro conduziu os desdobramentos da prisão dos hackers da República de Araraquara. Ele não poderia ter anunciado que o celular de Bolsonaro havia sido invadido, bem como pelo menos mais mil celulares, parte deles do primeiro escalão da República. Foi mal, segundo Bolsonaro.

Outra coisa: Moro errou quando se dispôs a avisar diretamente a certas pessoas que elas tinham sido alvo dos hackers. Foi como se quisesse dizer: olha, agora conheço seus segredos, mas não se preocupe, saberei preservá-los. A Polícia Federal ficou furiosa com o comportamento do ministro, mas não só ela.

Há severos protocolos dentro da Federal que foram sempre respeitados. Por exemplo: o diretor-geral só fica sabendo de uma operação em cima da hora para reduzir as chances de vazamento de informações. Ele só avisa ao ministro quando a operação já está em curso. Cabe ao ministro se quiser avisar ao presidente.

Como Moro teve acesso a informações de um inquérito que continua sob segredo de justiça? Quem foi o culpado? A Polícia Federal quer saber e está apurando. O ministro acabou expondo o presidente a críticas desnecessárias. E ele não gostou nem um pouco disso.