Acredite se quiser: Bolsonaro cogitou manter secretário Alvim no cargo

Imagem: Clara Angeleas/Divulgação/Secretaria Especial da Cultura
Do UOL.
Na nota em que comunicou a decisão de demitir o secretário de Cultura Roberto Alvim, Jair Bolsonaro classificou de “infeliz” o pronunciamento em que seu auxiliar ecoou palavras de Joseph Goebbels, ex-ministro da Propaganda do regime nazista de Adolf Hitler. A despeito do pedido de desculpas de Alvim, anotou Bolsonaro, o episódio “tornou insustentável a sua permanência.” No início da manhã, entretanto, Bolsonaro pensava o oposto. Imaginou que seria possível manter o secretário no cargo. Foi preciso convencê-lo do contrário.
Submetido aos tremores que o pronunciamento de Alvim provocou na internet, Bolsonaro conversou com o auxiliar na abertura do expediente. Pelo telefone, quis saber por que o secretário citara trechos de um discurso de Goebbels no vídeo que levara à internet para anunciar a criação do Prêmio Nacional das Artes. Foi mera “coincidência retórica”, disse Alvim a Bolsonaro, antes de atribuir à “esquerda” a associação do seu vídeo com o nazismo.
Com expressões que sinalizavam a intenção de resistir aos ataques, Bolsonaro disse a Alvim que ficasse tranquilo. Imaginando-se blindado, o secretário passou a pronunciar em público o que dissera na conversa telefônica com o chefe. E o presidente orientou sua assessoria a divulgar a seguinte nota: “O próprio [Roberto Alvim] já se manifestou oficialmente. O Planalto não comentará.”