Acusação de assédio sexual de Melhem “mancha currículo” de chefão da Globo, diz jornalista

De Daniel Castro no site Notícias da TV.
As denúncias de assédio sexual contra o ator e diretor Marcius Melhem, narradas com detalhes sórdidos em grande reportagem da revista Piauí deste mês, dão um tom melancólico ao final da gestão de Carlos Henrique Schroder, que de 2013 até o final do ano passado foi o todo-poderoso da TV Globo. Schroder, justamente o executivo que mais “desconstruiu” a maior rede de televisão do país, sai de cena no início de 2021 manchado por um escândalo abafado em nome do sigilo corporativo (e corporativista).
É leviano apontar o dedo para a cúpula da Globo e afirmar que ela foi omissa diante de graves acusações contra um deles, já que Melhem era diretor do núcleo de Humor da emissora, ou seja, homem de confiança do próprio Schroder.
Há que se ponderar que Melhem nunca admitiu ter cometido assédio sexual e que vem apontando vingança na narrativa da atriz Dani Calabresa, para quem o humorista teria mostrado o pênis durante uma festa de comemoração do centésimo episódio do programa Zorra, em novembro de 2017. No discurso de Melhem, Dani não assimilou a reprovação de um projeto seu, no final de 2019, e resolveu trazer à tona um episódio ocorrido dois anos depois.
Mas não foi só Dani Calabresa. Depois da atriz, a Globo recebeu outras cinco denúncias de importunação sexual contra Melhem e outras tantas de assédio moral. Mesmo assim a emissora nunca reconheceu publicamente que o comediante deixou a emissora, em agosto, pela porta dos fundos. Pelo contrário.
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Carlos Henrique Schroder, o chefe de Marcius Melhem, não está deixando a Globo por causa da maneira com que conduziu o caso. O escândalo, contudo, chamusca sua reputação de executivo que modernizou a Globo, renovou o quadro de autores de novelas e deu a seu Jornalismo um prestígio que nunca teve –em parte provocado pelo bolsonarismo.
Schroder não inventou o “teste do sofá”, é verdade, porém a Globo sob seu comando continuou sendo uma empresa machista e tóxica. Apesar de ter instituído uma área de compliance (que já recebeu mais de 4 mil denúncias) e punido casos de racismo e assédio, a Globo de Schroder não deu às vítimas o reconhecimento público que elas merecem.
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