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Adnet sobre a resistência ao governo Bolsonaro: “Ficar de pé é a melhor resposta”

Adnet

Ivan Finotti entrevistou Marcelo Adnet no F5.

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Você é formado em jornalismo e seu samba-enredo fala de fake news. Qual é sua opinião sobre o que está acontecendo no país?
Para atuar e criticar quem quer seja, é preciso ter coragem. O jornalista também, ele saiu de um lugar de conforto e está apanhando para caramba. Está sofrendo uma pressão desproporcional, antidemocrática e muitas vezes criminosa.

A imprensa não foi feita para passar a mão na cabeça. Já tive várias coisas publicadas a meu respeito que não concordei. Quando é da vida pessoal, quando é mentira, é antiético e a imprensa tem que ser cobrada. Ela pode cobrar e pode ser cobrada, mas não ser ameaçada e vista como inimiga.

“Vamos minar, atacar, investigar a vida e criar uma máquina de fake news para atacar pessoalmente quem ousar levantar a voz contra a gente”. Então, eu passo por isso como ator, e o jornalista também. É uma pena, mas a gente precisa ser forte. Não podemos sucumbir a isso.

Você já foi agredido na rua?
Não fisicamente, mas de falarem e gritarem coisas, sim. Uma vez andando na rua em Botafogo e outra em um supermercado na Barra. “Vagabundo, vai embora” e fazendo arminha com a mão.

E uma vez no Humaitá veio uma senhora dizendo que eu apoiava a ditadura cubana. Eu disse “não, eu não apoio”. “Mas e o Che Guevara” e sei mais lá o quê. Eu disse : “Senhora, não sei do que está falando”. “Ah, mas eu li no Facebook que você apoia o Freixo [deputado federal do PSOL], isso quer dizer que apoia Cuba”. É algo virtual, forjado propositadamente para distorcer a opinião pública para um lado.

Foi tão distorcido que pessoas que são de centro são consideradas hoje de esquerda, “tudo comunista”. A Globo, a Folha estão sendo chamadas de extrema esquerda. Não acho que sejam.

Outros consideram que essa grande mídia ajudou o Bolsonaro a se eleger.
Claro, mas eu achava a questão dos petistas um pouco mais leve. Não era uma coisa tão pessoal, era contra a instituição. Agora é contra o repórter, acusações gravíssimas, coisas horrorosas sobre as mulheres, pegando o lado sexual. Uma coisa muito covarde, mas ficar de pé é a melhor resposta.

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