Adolescente pede ajuda ao pai após entrar em grupos de automutilação: “Me interna”

O empresário Paulo descobriu por acaso que a filha, Júlia, de apenas 12 anos, se envolvia em uma rede de desafios violentos escondida por trás de jogos online e grupos fechados. A situação veio à tona quando ela, em meio a uma crise, pediu ao pai: “Me interna”. Após verificar o celular da filha com ajuda de uma funcionária, ele descobriu áudios de adolescentes comemorando atos de mutilação.
A partir dali, ele tomou medidas drásticas: retirou o smartphone, passou a monitorar os acessos e substituiu o aparelho por um modelo sem internet. Mesmo assim, a menina tentou burlar o sistema, usou o app escolar para manter contato com os grupos.
Paulo decidiu transformar sua experiência em um livro para alertar outros pais. A história chamou a atenção de especialistas, como a psicóloga Fabiana Vasconcelos, que afirma que os desafios não estão mais na deep web, mas sim em redes conhecidas como o Discord.
Segundo ela, os adolescentes entram em grupos secretos e participam de gincanas que escalam para ações perigosas. “Os pais só descobrem quando já é tarde”, diz. Já o delegado Alessandro Barreto, do Ministério da Justiça, aponta que a sensação de pertencimento impulsiona esses comportamentos: “Audiência virou moeda. O jovem se expõe e os outros assistem como se fosse entretenimento”.