Advogado que obteve auxílio para Bretas e juízes do Rio é parente de alvo da Lava Jato
Do Painel da Folha de S.Paulo.
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O advogado que obteve o auxílio-moradia para Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, é parente de um alvo da operação que foi acusado pelo MPF de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro para o ex-governador Sérgio Cabral. Bruno Calfat atua para a Associação de Juízes Federais do Rio e defendeu a concessão do benefício para mais de uma dezena de juízes. Ele é casado com a filha do empresário Carlos Borges, condenado por Bretas a cinco anos de prisão.
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Calfat advogou também para o revisor da Lava Jato no Rio, o desembargador Abel Gomes. Contratado e pago pela Ajuferjes, ele foi indicado a todos os magistrados que quisessem receber auxílio-moradia mesmo casados com quem já embolsa o benefício.
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Carlos Borges é dono do luxuoso condomínio Portobello, espaço que ficou conhecido por abrigar a “República de Mangaratiba”, grupo capitaneado por Cabral que usava o local para reuniões e festas na costa do Rio.
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O empresário teria lavado quase R$ 3 milhões para o ex-governador e foi acusado de ser um braço do esquema. Bretas entendeu que ele atuou “de forma pontual” e, por isso, não deveria responder por corrupção e organização criminosa. Foi a segunda menor pena na operação Calicute.
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Procurado, o advogado disse que atua para a Ajuferjes desde 2009, “representando magistrados federais em inúmeras questões, sem nenhuma vinculação com processos de natureza criminal”.
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Calfat afirmou ainda que jamais tratou com qualquer juiz “de tema relacionado a processo criminal”. “Assumi as causas da tese do auxílio-moradia antes da Lava Jato”, concluiu.
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O presidente da Ajuferjes, Fabrício Fernandes, disse que não sabia que Calfat era genro de Borges, mas defendeu a atuação dele. “Não vejo interferência porque ele não advoga na área criminal. O fato de existir o parentesco não interfere no nosso processo.”
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Uma consulta no site do Senado contabilizava, até esta quinta (1º), 971.774 manifestações a favor e 4.973 contra o fim do auxílio-moradia para deputados, juízes e senadores.
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