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Agentes encontram celular na cela do filho da desembargadora

Breno, filho da desembargadora: livre, apesar da fartura de provas

Do G1

Durante uma revista de rotina neste sábado (2), agentes penitenciários encontraram um aparelho celular na cela do empresário Breno Fernando Solon Borges, filho da desembargadora e presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), Tânia Garcia Borges.

G1 não conseguiu contato com a defesa do empresário.

O empresário voltou a ser preso a unidade de segurança média, em Três Lagoas, município na região leste do estado, no dia 22 de novembro, por determinação da 2ª Vara Criminal em Três Lagoas com base nas investigações da Operação Cérberus. Ele ficou cerca de quatro meses em uma clínica de reabilitação em Atibaia (SP), depois de conseguir a substituição de pena no Tribunal de Justiça.

A Agência de Administração Penitentciária (Agepen) informou que abriu procedimento disciplinar para apurar o caso. A Polícia vai investigar como o aparelho entrou no presídio.

A ocorrência é considerada uma falta disciplinar grave, por isso, Breno que estava em uma ala especial da penitenciária, onde ficam os presos que trabalham, foi transferido para uma cela isolada.

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PS: Breno Fernando Solon Borges voltou para a prisão depois que um exame constatou que ele podia responder por seus atos. A mãe, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso do Sul, havia conseguido interditá-lo, num processo que tramitou em poucos dias. Exame realizado por perito judicial, independente, constatou que Breno era capaz. Pelo que se viu, foi uma estratégia para livrar o filho da desembargadora da prisão, depois que foi pego com arma uma vez e, seguida, com quase 130 quilos de maconha e muita munição de fuzis de uso restrito.

Na primeira vez em que esteve preso, Breno dividia uma cela considerada VIP, onde ficava também o líder do PCC. Permanecia com a grade aberta durante o dia, tinha televisão e ele podia circular livremente pelas penitenciária. Desta vez, ele continua numa ala especial, destinada a presos que trabalham, como informa a reportagem. É regalia, já que acabou de chegar à cadeia.

É diferente do que acontece com os chefes da organização criminosa, que vão para lá num acordo informal com a administração dos presídios — a permanência desses chefes têm como contrapartida o controle dos presos, sem rebelião. Um advogado que conhece o presídio, por defender outros presos, diz que Breno, para permanecer na ala especial, tem que se submeter a acordo com o PCC. Do contrário, ele será motivo de instabilidade no local — celular é um bem que só os chefes têm. Na primeira vez em que esteve preso, sua permanência foi aceita. Agora, pelo jeito, é um problema.

A namorada e o funcionário, que ele levou para o transporte da droga, estão presos em ala comum. Breno, além do transporte da maconha, foi denunciado criminalmente por participar de uma tentativa de resgate de um líder do PCC. Escutas mostraram seu envolvimento não como alguém que cumpre ordens apenas, mas como quem tem poder de decisão. Ele chamava o preso a ser resgatado de “irmão”.