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Agora vai: Joice Hasselmann escreve a Trump para tentar barrar o tarifaço

Joice Hasselmann, ex-deputada e ex-bolsonarista. Foto: reprodução

A jornalista e influenciadora Joice Hasselmann, que foi líder do governo Bolsonaro no Congresso enquanto deputada federal, transbordou o peito dos brasileiros de esperança pelo fim do tarifaço e da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Sem ninguém pedir, ela enviou uma carta ao presidente dos EUA, Donald Trump.

No documento pela desistência da taxa de 50% sobre produtos brasileiros que entrem em solo estadunidense, Joice pede que Trump abandone Bolsonaro. Para isso, ela decidiu revelar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pasmem, tem um histórico de corrupção, revelando esse fato oculto para o republicano.

Segundo o Metrópoles, ela enviou a carta pelos Correios e pelo site oficial da Casa Branca. Leia a carta na íntegra:

Exmo. Sr. Presidente Donald Trump

Escrevo esta carta com o objetivo de esclarecer fatos graves sobre a situação política no Brasil e alertá-lo sobre as consequências de apoiar figuras que prejudicam não apenas o nosso país, mas também a credibilidade de líderes internacionais como Vossa Excelência, que prezam por valores de liberdade e democracia.

Tenho convicção de que o senhor foi induzido a erro por informações distorcidas e por pessoas que não representam os reais interesses do povo brasileiro.

Permita-me expor, com detalhes, por que o senhor não deve apoiar nem o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família, nem o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ambos, por diferentes razões, fazem mal ao Brasil.

1. A família Bolsonaro tem uma histórica relação com práticas corruptas e outros crimes.

O senhor, como defensor do combate à corrupção, precisa estar ciente de que a família Bolsonaro está envolvida em práticas ilícitas há décadas,

Perseguição e ameaças à desafetos políticos e jornalistas, envolvimento com as milícias do Rio de Janeiro, roubo de bens que pertencem ao patrimônio nacional, como joias e relógios que valem milhões de reais, o famoso esquema conhecido no Brasil como “rachadinhas”.

Esse esquema consiste na apropriação de parte dos salários de funcionários públicos contratados por parlamentares, uma prática que compromete a ética e a moralidade no serviço público.

As evidências são concretas: Investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro revelou que Flávio Bolsonaro, filho mais velho do ex-presidente, esteve diretamente ligado a esse esquema quando era deputado estadual.

Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, movimentou milhões de reais em contas bancárias incompatíveis com sua renda, com depósitos suspeitos que beneficiaram a família Bolsonaro.

Além disso, outros membros, como Carlos e Eduardo Bolsonaro, também enfrentam questionamentos sobre a contratação de funcionários fantasmas em seus gabinetes.

Impacto político: Essas práticas corroem a confiança do povo brasileiro em seus representantes e contradizem o discurso anticorrupção que Jair Bolsonaro adotou em sua campanha de 2018.

A hipocrisia de se apresentar como defensor da moralidade enquanto familiares estão envolvidos em escândalos é um dos motivos pelos quais sua popularidade caiu drasticamente.

O senhor, que sempre defendeu a transparência, certamente não gostaria de associar sua imagem a uma família que, longe de representar valores conservadores genuínos, utiliza o poder para enriquecimento ilícito.

2. A tentativa de golpe de Estado e a instabilidade causada pelos Bolsonaros

O Brasil esteve à beira de um colapso democrático em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, numa tentativa de desestabilizar o governo eleito.

Esse evento não foi um acidente ou incidente, mas o resultado de meses de discursos golpistas incentivados pelo ex-presidente e seus aliados, incluindo seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.

Todo trabalho de mobilizar extremistas a favor do golpe foi feito com a estrutura do gabinete do ódio, que eu mesma, que já fui líder do governo Bolsonaro, denunciei ainda em 2019. Eu vi a corrupção de perto e outros crimes sendo cometidos de perto e por isso deixei o governo Bolsonaro.

Importante entender o papel de Eduardo Bolsonaro: Como um dos principais articuladores da base bolsonarista, Eduardo incentivou narrativas de fraude eleitoral sem apresentar qualquer prova concreta, ecoando estratégias que, infelizmente, também foram usadas em outros contextos.

Sua influência no mando do gabinete do ódio foi determinante para radicalizar apoiadores, que culminou nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

Além disso, sua atuação política é marcada por provocações e pela promoção de polarização, o que o torna um agente de instabilidade.

Queda de popularidade: A votação de Eduardo Bolsonaro caiu significativamente entre 2018 e 2022, refletindo a rejeição de parte do eleitorado brasileiro a sua postura beligerante.

Ele não representa mais o sentimento majoritário do povo, mas sim uma minoria radicalizada que ameaça a democracia.

Graças à intervenção do Departamento de Estado americano, que reforçou a importância de respeitar o resultado das urnas, e a uma dose de sorte, o Brasil evitou um golpe de Estado.

No entanto, associar-se a Jair Bolsonaro ou seus filhos seria endossar um projeto político que flerta com o autoritarismo e coloca em risco a estabilidade de um dos maiores aliados dos Estados Unidos na América Latina.

3. As mentiras de Paulo Figueiredo no Congresso americano

Recentemente, o comentarista Paulo Figueiredo, alinhado à família Bolsonaro, prestou depoimentos no Congresso americano que não condizem com a realidade brasileira.

Suas afirmações distorcidas sobre a situação política do Brasil e as eleições de 2022 buscam criar uma narrativa de vitimização que não encontra respaldo nos fatos.

Figueiredo, que se apresenta como jornalista, tem usado sua plataforma para espalhar desinformação, muitas vezes em benefício da família Bolsonaro.

Suas declarações no Congresso são parte de uma estratégia para internacionalizar a narrativa bolsonarista, mas carecem de credibilidade e não representam a visão da maioria dos brasileiros.

Ao dar ouvidos a figuras como Figueiredo, o senhor corre o risco de ser manipulado por uma agenda que não reflete a complexidade do Brasil.

Essa desinformação pode comprometer a relação bilateral entre nossos países, que deveria ser baseada em fatos e interesses mútuos.

4. Sobre o atual presidente Lula e a má gestão histórica do Brasil

Embora Jair Bolsonaro e sua família representem um perigo à democracia e à ética, o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, também não é uma alternativa que mereça o apoio de Vossa Excelência.

O Brasil sofre com má governança há meio século, e o governo Lula é parte desse ciclo de problemas estruturais.

Histórico de corrupção: o governo do Partido dos Trabalhadores (PT), liderado por Lula, foi marcado por escândalos como o Mensalão e o Petrolão, investigado pela Operação Lava Jato, que revelaram um sistema de corrupção sistêmica envolvendo grandes empresas e políticos.

Apesar de Lula ter retornado ao poder em 2022, sua administração atual enfrenta críticas por ineficiência econômica e por alianças com políticos oportunistas.

Assim como a Califórnia, que enfrenta desafios com políticas progressistas que geram desigualdade e insegurança, o Brasil sob Lula repete erros do passado, com políticas populistas que não resolvem problemas estruturais como desemprego, inflação e violência.

O país precisa de uma liderança que una, não que polarize ainda mais.

O Brasil precisa de uma nova liderança que represente valores de liberdade, transparência e desenvolvimento, sem os vícios do bolsonarismo ou do lulismo.

Apoiar Jair Bolsonaro seria endossar um projeto que já demonstrou ser corrupto, antidemocrático e divisivo.

Por outro lado, apoiar Lula seria legitimar um governo que perpetua a má gestão e a corrupção sistêmica.

O que o Brasil precisa: O povo brasileiro anseia por um líder que combata a corrupção de forma genuína, respeite as instituições democráticas e promova o crescimento econômico.

O senhor, como uma figura influente no cenário global, pode ajudar o Brasil ao apoiar ideias e princípios, não indivíduos que já demonstraram ser parte do problema.

Relação Brasil-EUA: A parceria entre nossos países é estratégica, mas deve ser construída com base em valores compartilhados, como a democracia e o Estado de Direito.

Qualquer apoio a figuras como Bolsonaro ou Lula comprometeria essa relação, afastando o Brasil de uma trajetória de prosperidade.

Caro Presidente Trump, o Brasil é um país de grande potencial, mas sofre com a polarização e a má governança.

Jair Bolsonaro e sua família, com seu histórico de corrupção e flertes com o autoritarismo, não são aliados confiáveis.

Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, representa um passado de corrupção e ineficiência que não oferece soluções para o futuro.

Peço que o senhor, com sua visão de liderança global, evite apoiar qualquer um desses lados e, em vez disso, defenda os princípios que fizeram dos Estados Unidos uma nação forte: liberdade, democracia e transparência.

Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos e reitero meu respeito por sua trajetória.

Atenciosamente,
Joice Hasselmann – Jornalista, cidadã brasileira, ex-deputada federal e líder do governo Bolsonaro em 2019.