Aldeia indígena em PE tem escola e posto de saúde incendiados após eleição de Bolsonaro
Reportagem de Aliny Gama no UOL informa que uma escola e um PSF (Posto de Saúde da Família) da aldeia Bem Querer de Baixo, localizada no município de Jatobá (PE), foram incendiados na madrugada desta segunda-feira (29). Os dois prédios estavam localizados na principal área de conflito indígena com posseiros, dentro da Terra Indígena dos Pankararus, localizada na região do médio do São Francisco em Pernambuco. Ninguém ficou ferido no ataque criminoso.
De acordo com a publicação, segundo lideranças indígenas, a principal suspeita é retaliação de posseiros expulsos, que podem estar colocando medo na comunidade indígena depois que Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República. A aldeia Bem Querer de Baixo é a área de maior conflito de posseiros com os índios. “Hoje nosso povo acorda com uma escola e um PSF destruídos pelo fogo do ódio, preconceito e da intolerância. A Escola São José e o PSF, prédios da Prefeitura de Jatobá, localizados na aldeia Bem Querer de Baixo, foram criminosamente incendiados tendo praticamente perda total da estrutura física, móveis, documentos, equipamentos… Pouca coisa se salvou”, relatou em nota o povo Pankararu.
O UOL entrou em contato com lideranças indígenas, na noite desta segunda-feira, e os índios relataram que temem novos ataques e pediram para não serem identificados. Segundo uma liderança indígena, eles observaram nas câmeras de uma casa próxima ao PSF que na noite de domingo, por volta das 22h40, a luz do posto de saúde apagou. Na manhã desta segunda, os índios constataram que o prédio e a escola foram destruídos. “O posto de saúde e a escola não são próximos e é muita coincidência dois prédios terem pegado fogo sem que alguém não tenha feito isso. Estamos amedrontados porque somos constantemente ameaçados por posseiros que foram expulsos em setembro. Pode ser um recado que eles terão respaldo para nos atacar com a eleição de Bolsonaro”, disse uma liderança dos Pankararus que pediu para não ser identificada temendo represálias. Durante a campanha eleitoral, o capitão reformado do Exército prometeu acabar com a “indústria da demarcação de terras indígenas” e prometeu “retaguarda jurídica” para proprietários de terra que sofrerem invasões. Ele também prometeu juntar os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, mas posteriormente voltou atrás, completa o Portal UOL.
