Alemanha, maior parceiro comercial brasileiro na Europa, manterá Bolsonaro em quarentena

Da DW
As reações à vitória de Jair Bolsonaro são um termômetro da arena diante da qual o presidente eleito estará no exterior. Da Alemanha, por exemplo, maior parceiro comercial do Brasil na Europa, a mensagem após o resultado foi especialmente contida dentro da linguagem diplomática.
Não houve felicitações nem grandes promessas de cooperação: apenas a afirmação de que o Brasil é um parceiro importante (10% do PIB industrial brasileiro vem de empresas alemãs), de que Berlim vê com preocupação declarações dadas por Bolsonaro na campanha e de que, respeitados os valores comuns, e as trocas continuarão estreitas.
Entre a diplomacia em Berlim, a ideia é deixar o governo Bolsonaro numa espécie de quarentena: esperar seis meses para ver o que, de fato, das promessas mais polêmicas pode virar realidade, antes de levar qualquer troca diplomática a um nível mais intenso que o normal.
A Alemanha vive um período de especial instabilidade na política interna. Angela Merkel já anunciou o fim de sua carreira política. Renunciou à liderança de seu partido e ficará no poder apenas até o fim do atual mandato, previsto para 2021, mas que pode acabar antes devido às brigas internas da coalizão de governo.
É improvável que Merkel queira num primeiro momento posar ao lado de Bolsonaro, ainda que o empresariado alemão no Brasil aparentemente não veja problema nisso. O discurso nacionalista do presidente eleito brasileiro se alinha justamente ao daqueles que atualmente exercem a frente da oposição na União Europeia, personificada hoje no populismo de direita: Viktor Orbán, na Hungria, Mateusz Morawiecki, na Polônia, Sebastian Kurz, na Áustria, e Matteo Salvini, na Itália, são exemplos.
Foi a Salvini, vice-primeiro-ministro da Itália conhecido pelos sucessivos ataques à UE e à política migratória de Merkel, que Bolsonaro fez um de seus primeiros acenos em política externa: prometeu entregar a Roma o radical de esquerda Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália.
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